A Embraer (EMBR3) cai 7,6% no pregão desta sexta-feira (12) após a divulgação da notícia de que a Força Aérea Brasileira (FAB) comprará menos cargueiros do que o previsto da fabricante.
Pelo contrato assinado em 2014, os 28 aviões seriam comprados por R$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões hoje, corrigidos pelo IPCA). Contudo, agora, as negociações devem mudar de rumo e não se sabe se o valor seguirá o mesmo para as 15 unidades ou se haverá uma redução na cifra.
Com o cancelamento parcial da compra dos cargueiros militares KC-390, a FAB abriu uma crise sem precedentes com a Embraer – companhia que com qual o braço armado da União possui 52 anos de relação.
Após a decisão da FAB, a Embraer arquivou um comunicado ao mercado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acerca da decisão, afirmando que irá “procurar medidas legais para o equilíbrio econômico do contrato”.
“Tão logo seja formalmente notificada pela União, a Companhia buscará as medidas legais relativas ao reequilíbrio econômico e financeiro dos Contratos, bem como avaliará os efeitos da redução dos Contratos em seus negócios e resultados”, diz o comunicado.
O KC-390 trata-se da maior peça do portfólio da companhia para o setor de defesa, sendo que uma compra no mercado doméstico é vista como categórica para que a companhia possa vender o modelo no mercado externo.
Até então, o modelo já foi comprado pelos governos de Portugal e Hungria – ambos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Atualmente, a companhia oferta a aeronave a outros países.
Responsabilidade é da Embraer, segundo General
A informação do recuo da FAB foi adiantada pelo jornal Estado de S. Paulo ainda nesta sexta (12).
Contudo, em texto publicado no site oficial da FAB, também nesta sexta (12), o comandante da Força, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou que a decisão do governo foi “indesejável” e o correu por responsabilidade da Embraer.
O artigo foi intitulado de “FAB e Embraer: caminhos futuros em prol de interesses convergentes?”.
“Considerando a decisão da Embraer e a impossibilidade de permanecer com a execução do contrato nas quantidades atuais, a Força Aérea Brasileira, no intuito de resguardar o interesse público, iniciará, dentro dos limites previstos na lei, os procedimentos para a redução unilateral dos contratos de produção das aeronaves KC-390, fato inédito e indesejável nessa importante e cinquentenária relação”, diz o oficial, na nota da FAB.
“O Comando da Aeronáutica, ratificando a manutenção do espírito de parceria que sempre existiu entre a FAB e a Embraer, permanecerá envidando esforços junto à empresa no intuito de reduzir a frota de aeronaves KC-390 para os patamares considerados adequados para a Força Aérea Brasileira”, conclui.
A compra das aeronaves foi acertada em meados de abril, quando a Aeronáutica alertou que o governo federal fez restrições orçamentárias sob programas estratégicos que afetariam essa negociação em específico com a Embraer.