Embraer (EMBR3) e Boeing: acordo proibia desistência em caso de crise
O acordo de joint-venture entre a Boeing e a Embraer (EMBR3), avaliado em US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 22,9 bilhões), incluía uma cláusula que proibia as partes de desistir do negócio em caso de uma pandemia ou recessão global. As informações foram divulgadas pela agência Reuters.
O setor de aviação enfrenta uma grave crise em razão da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Os analistas apontam que o contrato colocou a Boeing em uma “encruzilhada”, onde é pressionada a encontrar uma outra saída do negócio. A companhia estadunidense alega que a desistência se deu pelo não cumprimento de certas condições por parte da Embraer.
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No contrato assinado em janeiro de 2019, a Boeing e a Embraer fizeram uma lista de 10 condições que não qualificariam como tipo de eventos adversos relevantes. Isto é, esses tópicos, entre eles uma pandemia e mudanças na economia mundial, não poderiam ser utilizados como pretexto para potenciais quebras do acordo.
A Boeing anunciou que demitiria 16 mil funcionários, quase o equivalente total de empregados Embraer. Mais, comunicou que já havia sacado toda a sua linha de crédito e estava avaliando uma oferta de títulos de dívida. O S&P reduziu, na última quarta-feira (29), o rating da empresa norte-americana para um nível acima do grau especulativo.
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“Seremos uma empresa menor por um tempo”, declarou o presidente-executivo da Boeing, David Calhoun, após a divulgação dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2020.
Embraer contesta acusação da Boeing
A Boeing alegou que Embraer “falhou em satisfazer uma série de condições importantes no contrato”. A companhia brasileira defende, no entanto, que cumpriu todas as condições do acordo e abriu um processo de arbitragem na Justiça. A fabricante norte-americana não divulgou publicamente as condições para o cancelamento do contrato.
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Conforme o contrato, a Boeing assumiria a unidade de aviação comercial da Embraer, com uma contrapartida de US$ 4,21 bilhões por uma fatia de 80%. A demanda por aeronaves estava subindo e as companhias viam necessidade de um acordo para competir com a líder no setor Airbus.
A Boeing, no entanto, começou a sentir os efeitos da crise do novo coronavírus e discutiu sobre obter uma assistência do governo dos EUA. Vários países já haviam concedidos aprovações de órgãos antitruste para a operação.
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“A Boeing não podia sustentar esse acordo e encontrou uma forma de se livrar de sua obrigação”, afirmou o consultor de aviação da Leeham Company, Scott Hamilton. “Eles apenas tiveram que encontrar uma forma de sair do acordo e reter esses 4 bilhões”.
O valor de mercado da Embraer caiu mais de dois terços durante a crise, para US$ 1 bilhão. Os analistas temem a possibilidade do negócio quebrar ou ainda ser ser renegociado.
O contrato, no entanto, proibi a Boeing de cancelar o acordo em função de “qualquer alteração no preço de mercado” da companhia. Além disso, o texto não permitia que a fabricante estadunidense se afastasse em caso de corte dos ratings de crédito da Embraer e de não cumprimento das previsões de receita ou lucro da empresa.