Em meio a um maior otimismo sobre a vacinação contra Covid, as ações da Embraer (EMBR3) lideram as altas do Ibovespa hoje, com alta de mais de 14%, por volta de 14h30. Junto com ela, outras ações ligadas ao setor de viagens estão em alta, como CVC (CVCB3), Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4).
No entanto, o otimismo sobre Embraer tem motivos mais profundos: existe uma expectativa de que o cenário do setor aéreo pós-pandemia será benéfico para os seus negócios.
Ontem, a empresa divulgou projeções ao mercado. Em relatório, o banco BTG Pactual (BPAC11) destacou que a empresa revisa suas projeções periodicamente, mas que a revisão feita ontem tem um significado especial, ao incluir os impactos da pandemia sobre o setor de aeronaves.
De acordo com Embraer, o impacto da pandemia terá implicações de longo prazo na demanda por aeronaves. No entanto, existe um lado positivo: a retomada do setor após a crise pode gerar oportunidades para a Embraer, como a maior relevância dos voos regionais e domésticos no mercado aéreo.
Com isso, aviões com até 150 assentos serão importantes na recuperação da demanda, o que pode ajudar fabricantes como a Embraer.
Segundo o BTG, a pandemia está causando mudanças importantes no setor aéreo e na demanda por aviões. Existem quatro tendências principais:
- Mudança no padrão de frotas, focando em aviões de menor capacidade.
- Regionalização das empresas aéreas, beneficiando empresas que atendem mercados domésticos.
- Passageiros tendem a preferir voos mais curtos e as empresas devem deixar de concentrar seus escritórios nos grandes centros urbanos. Com isso, as malhas aéreas devem ser mais diversificadas.
- Maior foco no meio ambiente, com preferência por aeronaves mais eficientes.
Sobre o último tópico, o BTG destacou que empresas aéreas que receberam apoio governamental deve ser mais pressionadas para adotar tecnologias sustentáveis.
Novo desenho do mercado deve beneficiar Embraer
A Embraer afirmou ontem que o tráfego global de passageiros (medido em passageiros pagantes transportados por quilômetro – RPKs, na sigla em inglês) retornará em 2024 aos níveis de 2019, ainda ficando 19% abaixo do volume previsto pela empresa ao longo da década, até 2029.
Ainda segundo a empresa, a região da Ásia Pacífico vai crescer mais rápido que outras partes do mundo, com crescimento anual de 3,4%. Ao mesmo tempo, o CAGR entre 2019 e 2019 previsto para América do Norte é de 1,6%; para América Latina é de 3%; para Europa, 1,8%.
Para o BTG, o impacto da Covid foi relevante, mas existem “tendências favoráveis” emergindo. “Pelo lado positivo, tendências como redimensionamento e regionalização tendem a favorecer fabricantes de fuselagem estreita como a Embraer”, disse o BTG.
“Essas mesmas tendências também são favoráveis ao segmento de turboélice, que deve ser o próximo passo estratégico importante para a Embraer”, afirmou. Segundo o BTG, a administração da empresa já estuda potenciais parcerias nesta área, sendo que um parceiro potencial poderia ser a Saab, da Suécia.
O relatório acrescentou que a Embraer permanece focada em expandir sua liderança no segmento de até 150 lugares. “Quaisquer parcerias ainda estão em um estágio inicial, tornando difícil estimar os impactos potenciais na empresa, mas isso representa o principal risco de alta para nosso rating Neutro”, concluiu o BTG. O preço-alvo para o papel é de US$ 8 por ADR.