Embraer (EMBRE3), Airbus e Boeing (BOEI34) sofrem com falta de peças e de mão de obra

A Embraer (EMBR3), Airbus e Boeing (BOEI34), gigantes do setor aéreo, estão sofrendo com falta de peças e de mão de obras. As interrupções das cadeias produtivas decorrentes da pandemia e a dificuldade enfrentada por empresas no exterior para contratar funcionários são hoje a maior preocupação das fabricantes de aviões. Com a retomada do setor aéreo e as crescentes encomendas de aeronaves – também impulsionadas pela necessidade das companhias aéreas de terem jatos novos, que economizam combustível -, as fabricantes passaram a temer atrasos na entrega dos produtos.

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No fim de junho, o presidente da Airbus, Guillaume Faury, afirmou que, em maio, a empresa chegou a ter 20 aviões prontos aguardando apenas os motores para serem entregues aos clientes. Já o presidente da Boeing, Dave Calhoun, disse que o problema de falta de peças e de mão de obra não vai se resolver antes do fim do próximo ano.

Calhoun classificou a rede de fornecimento do setor aéreo como “muito grande, sofisticada e um tanto frágil”. Acrescentou que uma desaceleração da economia poderia ajudar a indústria, sobretudo se segmentos como os de desenvolvimento de softwares e de análise de dados reduzissem a demanda. Isso, disse o executivo, permitiria que a fabricante de aviões conseguisse reter e recrutar funcionários mais facilmente para poder crescer.

Em conversa com o Estadão, o presidente da Airbus para a América Latina, Arturo Barreira, afirmou que a escassez de matéria-prima e de peças vai desde assentos para aeronaves até motores. “Há momentos em que temos problemas com um determinado insumo. Depois com outro. O que acontece conosco está acontecendo com todas as indústrias. Se amanhã você quiser comprar uma TV, com certeza não terá o modelo que você quer, e a entrega vai demorar um mês a mais do que te dizem. Não somos diferentes dos outros segmentos da indústria.”

Barreira destacou, porém, que, diferentemente do que vem ocorrendo com o segmento automotivo, a indústria aeronáutica não sofre com a escassez de semicondutores. “Nossos semicondutores são muito diferentes, de altíssimo valor agregado. O produtor pode acabar protegendo esse fornecimento.”

A Airbus criou o que chama de torre de observação para monitorar todos os seus provedores e entender quais são os problemas. Com essa ferramenta, percebeu que alguns dos fornecedores têm tido dificuldade de recrutar trabalhadores e, portanto, produzir as peças. “Eles reduziram o pessoal na pandemia, agora estão tentando contratar, mas não estão conseguindo.”

A Boeing também tem trabalhado com seus 11 mil fornecedores para tentar reduzir o problema, disse ao Estadão o presidente da empresa no Brasil, Landon Loomis. O executivo admitiu que é difícil encontrar algumas matérias-primas, mas não detalhou quais. “O problema está afetando todos. Um avião tem 3 milhões de peças. Cada uma tem de estar na hora certa e no local certo para tudo funcionar.”

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Landon afirmou que, além da dificuldade para contratar funcionários, os fornecedores têm sofrido para ter acesso a financiamentos. Para ele, esse cenário pode se refletir em atrasos na entrega de aeronaves e na redução da taxa de produção. “Parte da resposta para isso é um comprometimento de longo prazo. Estamos fazendo investimentos em inovação e redesenhando o processo de manufatura para torná-lo mais simples e resiliente.”

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Gol ainda não sofreu atraso de entrega

Cliente da Boeing, a Gol ainda não recebeu aeronaves fora do prazo, apesar das dificuldades que a indústria vem encontrando. O presidente da empresa, Celso Ferrer, no entanto, destacou que os aviões que foram entregues neste ano já estavam prontos e só precisaram ser inspecionados.

Ele se refere ao fato que a Boeing havia produzido uma série de aeronaves 737 Max que ficaram esperando liberação do órgão americano de regulação do setor aéreo depois de dois acidentes com o modelo matarem 346 pessoas. “Pode ser que, daqui para frente, a gente encontre pequenos atrasos nas entregas”, ponderou Ferrer.

No Brasil, a Embraer tem relatado dificuldades com o fornecimento de aeronaves. Questionado sobre o maior desafio da empresa hoje, o presidente de aviação comercial da companhia, Arjan Meijer, destacou os entraves na cadeia de suprimentos e afirmou que eles já prejudicaram o total de entregas de aeronaves no primeiro trimestre do ano.

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Meijer lembrou que reduzir a produção rapidamente é mais fácil do que ampliá-la. “Para aumentar, todas as partes envolvidas na produção precisam estar alinhadas”, ressaltou. “Se falta algo, o avião não voa.”

Meijer salientou que hoje são obstáculos tanto a falta de material quanto a de trabalhadores. “Esse é um desafio gigante da indústria que precisamos superar nos próximos anos”, afirmou o presidente de aviação comercial da Embraer, sem arriscar um prazo para uma solução.

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Embraer: demanda de viagens deve crescer 3,2% ao ano nas próximas duas décadas

A Embraer divulgou na última terça-feira (19) um estudo que aponta que o crescimento da demanda global por viagens aéreas crescerá 3,2% ao ano, nos próximos 20 anos.

A taxa atualizada é 0,1 ponto percentual menor do que a prevista no ano passado pela Embraer, de 3,3%/ano. “O crescimento mais fraco reflete uma desaceleração de curto prazo da economia global, os efeitos da pandemia e o impacto do conflito Rússia–Ucrânia”, mostra o relatório.

A Embraer projeta que a receita por passageiro-quilômetro (RPK) volte ao patamar pré-pandemia até 2024, impulsionada pelo crescimento dos números de home office e da regionalização das empresas. A empresa acredita que tais tendências vão trazer mais demanda por aeronaves de menor capacidade.

Outro ponto da pesquisa é que a demanda global por novas aeronaves de até 150 assentos vai alcançar 10.950 unidades nas próximas décadas, sendo 8.670 jatos e 2.280 turboélices. Dentro do período avaliado, o valor de mercado deve atingir US$ 650 bilhões.

Com o fortalecimento do e-commerce, a Embraer acredita que novos mercados para aeronaves a jato de carga com menor capacidade estão se abrindo, o que reforça a demanda por conversões de passageiros para cargueiros.

Parceria com empresa britânica para ‘carro voador’

A gigante brasileira do setor aeronáutico Embraer (EMBR3) anunciou nesta terça-feira (19) uma parceria (joint-venture) com a britânica BAE Systems para a formação de um novo negócio voltado ao desenvolvimento de variantes do “carro voador” (eVTOL, na sigla em inglês) especializado no setor de defesa, área em que a Embraer também tem tradição.

O anúncio foi feito durante o Farnborough Airshow, evento do setor aeronáutico na Inglaterra. Com a utilização do eVTOL na área de defesa, as empresas estimam uma encomenda adicional de 150 unidades, que se somam aos 1.910 pedidos que a Embraer já angariou para o modelo, que só deve começar a operar a partir de 2026.

“Nosso eVTOL pode ser adaptado para atender diversas aplicações essenciais neste mercado, como resposta humanitária e socorro em desastres. Essa colaboração também indica que o mercado de defesa pode ser mais sustentável e, ao mesmo tempo, permite que a Eve permaneça focada em explorar o mercado de Mobilidade Aérea Urbana”, disse o copresidente da Eve (empresa da Embraer que desenvolve os carros voadores), André Stein

Com informações do Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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