A Eve Air Mobility, responsável por aeronaves elétricas (conhecidas como “carros voadores”) e subsidiária de mobilidade urbana da Embraer (EMBR3), tem o potencial de adicionar uma quantia suplementar de US$ 950 milhões à avaliação dos ativos da empresa e proporcionar um potencial de valorização de 35% nas ações da fabricante brasileira, segundo análise do BTG Pactual, divulgada em relatório nesta segunda-feira (29).
Ao mercado, o banco reafirma em documento sua sugestão de compra das ações da Embraer, e estabelece um preço-alvo de US$ 19 para as American Depositary Receipts (ADRs da Embraer) na bolsa norte-americana. Essa projeção sugere um potencial de valorização de 3,1%.
Os cálculos, de acordo com os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, são resultados de projeções altamente conservadoras. “A Eve é um dos principais impulsionadores de valor para a ERJ [Embraer Regional Jetliners] e possui um dos maiores e mais amplos backlogs na indústria de eVTOL [veículo elétrico de decolagem e pouso vertical]: US$ 8,6 bilhões via cartas de intenção para até 2.850 aeronaves eVTOL”, pontuam os analistas no relatório.
O BTG avalia que a diminuição progressiva dos riscos operacionais deve desempenhar um papel fundamental na liberação de valor para a Embraer. Após ressaltar que, atualmente, os investidores aparentam atribuir um valor quase nulo à Eve dentro do âmbito da Embraer, os analistas destacam que parte de suas expectativas em relação ao potencial da empresa está vinculada a alguns dados já contabilizados pela startup.
Embraer: Anac explica regulamentação de veículo elétrico no Brasil
A análise de Marquiori e Recchia foi publicada após entrevista da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) à Agência Infra. Na ocasião, a Anac explicou os passos iniciais da regulamentação do eVTOL no Brasil e afirmou que seu foco não é criar diretrizes gerais para o setor, mas, sim, aprovar certificações caso a caso, refletindo a natureza altamente incipiente da área. Os analistas acreditam que as operações da Eve no Brasil só devem começar em 2025.
Os eVTOLs serão eficientes como helicópteros totalmente elétricos, destinados a deslocamentos em ambientes urbanos. Atualmente, diversas empresas e startups participam de uma intensa competição para desenvolver e fabricar esses veículos em grande escala.
A Eve é uma dessas participantes e afirma que sua aeronave terá uma autonomia de 100 km (60 milhas). Ela surgiu como um spin-off da Embraer e realizou sua abertura de capital na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York) em maio de 2022. Após a fusão com uma Spac (uma “empresa de cheque em branco”) chamada Zanite, foi listada em Nova York com os símbolos Evex e EVEXW.
Em contrapartida, a Embraer ocupa a posição de terceira maior fabricante mundial de aeronaves comerciais, ficando atrás apenas da Airbus e da Boeing (BOEI34), e é líder no segmento de aeronaves com até 150 passageiros. A empresa brasileira também desempenha um papel significativo na aviação executiva, com os jatos Phenom e Praetor, além de atuar no setor de defesa e segurança, destacando-se com o cargueiro C-390 Millennium e a aeronave de ataque leve e treinamento A-29 Super Tucano.
Para a Eve, a Embraer aportou ativos, recursos humanos e Propriedade Intelectual (PI) voltados para mobilidade urbana. Adicionalmente, concedeu à subsidiária uma licença isenta de royalties para utilizar a propriedade intelectual da Embraer nesse segmento de mercado.
Nesta segunda (29) as ações da Embraer fecharam em queda de 0,35%, cotadas a R$ 22,32.
*Com Murilo Melo
Cotação EMBR3