A Assembleia Geral dos Acionistas da Embraer (EMBR3) aprovou o acordo da venda da divisão comercial da empresa, para a norte-americana Boeing (BOEI34) nesta terça-feira (26).
A negociação entre a Embraer e a Boeing necessitava do aval dos investidores para prosseguir. O próximo passo da operação é a autorização para o acordo pelas autoridades regulatórias.
Conforme a Embraer, 96,8% dos votos válidos foram favoráveis à transação. Com a participação de aproximadamente 67% de todas as ações em circulação.
Às 10h44, as ações da Embraer tinham valorização de 4,33% na B3 (BM&F Bovespa).
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Joint-venture
O acordo aprovado pelos acionistas estabelece os termos da criação de uma joint-venture (empresa conjunta) composta pelas operações de aeronaves comerciais e serviços da Embraer.
A Boeing terá participação de 80% na nova empresa ao fazer um pagamento de US$ 4,2 bilhões. A Embraer ficará com os 20% restantes. No total, a empresa é avaliada em US$ 5,26 bilhões.
A nova sociedade tem o nome provisório de JV Aviação Comercial ou Nova Sociedade.
A criação de uma joint-venture para estimular novos mercados para o avião multimissão KC-390 também foi aprovada pela assembleia dos acionistas. A Embraer deterá 51% das ações de tal empresa, enquanto a Boeing obterá os 49% restantes.
Justiça revoga liminar
A Justiça Federal de São Paulo revogou nesta terça-feira (26) a liminar que suspendia a assembleia-geral extraordinária da Embraer.
O impasse impedia a realização dos passos finais da operação de venda da divisão de aviação comercial da produtora brasileira à Boeing.
A suspensão decorreu de uma ação civil pública movida pelos sindicatos:
- dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região;
- dos trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos de Araraquara e Américo Brasiliense.
- de Metalúrgicos de Botucatu e Região;
- e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM).
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Resistência de sindicatos e acionistas
Além dos sindicatos, também uma parte minoritária dos acionistas da Embraer se opõe a venda. Mesmo com a oferta de US$ 1,6 bilhão em dividendos apresentada pela Boeing.
Entre os opositores está a Associação Brasileira de Investidores (ABRADIN), liderada pelo economista Aurélio Valporto. A associação critica vários aspectos da operação, e chegou a iniciar uma ação civil pública na semana passada, cassada pela Justiça.
Além disso, fontes próximas ao Palácio do Planalto informaram na semana passada que o governo estaria avaliando a possibilidade de rever a fusão.
O Executivo detêm a golden-share sobre as ações da Embraer, com poder de veto sobe decisões estratégicas, como a venda. Na última terça-feira o vice-presidente Hamilton Mourão se reuniu com a ABRADIN, analisando partes do acordo relativas a questões militares. Entre elas, o destino do avião cargueiro KC 390 e da nova joint-venture na área militar – a EB Defense – que a Embraer e a Boeing criarão para comercializar o avião.