O bilionário Elon Musk, que comprou recentemente o Twitter (TWTR34), afirmou que devolverá a conta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump à rede social, caso tenha oportunidade.
Elon Musk classificou a decisão de banir Trump do Twitter como um equívoco. Em evento organizado pelo Financial Times, o CEO da Tesla (TSLA34) se pronunciou:
“Eu acho que foi uma decisão moralmente ruim, foi um erro. Isso alienou uma grande parte do país e, no fim das contas, não resultou em Donald Trump não ter voz”, disse.
Segundo Musk, bloqueios permanentes de contas de usuários devem ser “extremamente raros” e reservados a robôs e contas com spam. Atualmente, com as diretrizes do Twitter – que são amplamente criticadas por Musk – algumas contas podem ser banidas pelas autoridades da plataforma, quando consideradas nocivas ao debate público.
Trump foi banido do Twitter em meados de janeiro de 2021, à época que o democrata Joe Biden tomava posse como presidente dos Estados Unidos.
Com seu eleitorado insatisfeito com o resultado das eleições, ocorreu uma invasão ao Capitólio dos EUA, o que motivou um dia de caos e conflito entre eleitores. Ao fim, cinco pessoas morreram e cerca de 140 policiais ficaram feridos por conta dos atos.
Para o Twitter, Trump representava um risco ao permanecer na plataforma por incitar a violência. Com esse argumento, o ex-presidente foi banido permanentemente, ainda que tivesse quase 100 milhões de seguidores e costumasse usar a rede como seu canal principal de comunicação com o público.
Desde então, a conta nunca foi reestabelecida e os executivos mantiveram a suspensão.
Em abril, Trump chegou a declarar, em entrevista à CNBC, que não retornaria ao Twitter se tivesse a oportunidade. Em meio ao imbróglio, uma rede social própria foi criada pela equipe do ex-presidente, a Truth Social. Apesar da negativa em relação ao retorno à rede social, Donald Trump disse que gostava de Elon Musk, a quem chamou de “excelente indivíduo”.
Elon Musk diz que cumprirá novas regras da UE
Vale frisar que ainda nesta segunda (9), Elon Musk disse que o Twitter cumprirá as regras de conteúdo da União Europeia (UE) se ele concluir sua proposta de aquisição.
Isso porque, como têm dito sucessivamente nos últimos meses, seus planos são de afrouxar as restrições à rede e mudar as diretrizes de liberdade de expressão da plataforma.
O caso da UE veio à tona, especificamente, pois o bloco mercantil aprovou uma Lei de Serviços Digitais no mês passado, tendo como principal objetivo o de forçar as plataformas de tecnologia a “melhorarem o teor do seu conteúdo”.
A legislação prevê normas para remoção de conteúdo nas plataformas, citando postagens terroristas e discurso de ódio – o que, no fim das contas, pode servir como embasamento para novas remoções análogas à de Trump.
Além disso, vale frisar, as regras podem afetar os algoritmos das empresas de tecnologia para rebaixar postagens prejudiciais, como mensagens que assediam outras pessoas ou “promovem distúrbios alimentares”.
Para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, a compra de Musk traz ‘uma nova cara para a rede social’.
“Não vai ser mais uma empresa pública, mas sim privada. Vamos ver como movimento do Musk influencia em outras small caps. Já há muitos analistas falando sobre possível ano muito forte de aquisições das grandes techs comprando pequenas techs. Hoje no setor de produtos básicos e alimentação, há poucas e grandes empresas que dominam. Pode ser que tecnologia siga essa tendência”, analisa.
Entenda a compra do Twitter
No fim de abril, Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, após semanas de propostas rejeitadas e uma tensão com a atual gestão da rede, que o queria fora da governança da rede social.
A companhia chegou a adotar a chamada “pílula de veneno” para impedi-lo de aumentar sua participação. Mas, depois que Musk revelou que tem US$ 46,5 bilhões em financiamento e os papéis da empresa despencaram, a companhia mudou sua postura e abriu as portas para as negociações.
Musk disse desde o início que sua oferta de US$ 54,20 por ação era sua “melhor e final”, e reiterou ao presidente do Twitter, Bret Taylor que não cederia no preço.
Taylor, disse à época que acreditava que a venda do Twitter para Musk o melhor caminho para os acionistas.
“O conselho do Twitter conduziu um processo cuidadoso e abrangente para analisar a proposta de Elon Musk. A transação proposta proporcionará um prêmio em dinheiro substancial, e acreditamos que é o melhor caminho a seguir para os acionistas do Twitter.”
Notícias Relacionadas