Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) e não ao procurador-geral da República, Augusto Aras, decidir sobre o mérito da ação direta contra a Eletrobras (ELET3), avalia o Itaú BBA. Para o banco, o STF deveria conciliar a negociação entre governo e a ex-estatal. Analistas reiteram, mesmo com esse ruído político, recomendação de compra para as ações da elétrica.
“Embora a proposta de aceitação parcial da ação direta possa ter um impacto negativo para a Eletrobras, observamos que o STF (e não Augusto Aras) é responsável por decidir sobre o mérito da ação direta, e não houve indicação oficial do resultado potencial da votação”, diz a equipe do BBA.
Na ocasião, Aras defendeu no STF o aumento do poder de voto da União na Eletrobras. O mercado reagiu mal à manifestação da PGR, ocorrida dois dias depois de o CEO da Eletrobras Wilson Ferreira Jr pedir renúncia da companhia.
Após a notícia, os preços das ações caíram 3,5%, com a perspectiva de um desfecho não favorável entre as partes. Hoje (17), os papéis da Eletrobras reagiram, marcando alta de 2,15%, cotados a R$ 34,63.
Cotação ELET3
Eletrobras: Aras defende no STF aumento de poder da União
Aras propôs que o limite de 10% nos direitos de voto fosse aplicado apenas às ações emitidas durante o processo de capitalização, não às ações em circulação antes da capitalização. Portanto, o limite de direitos de voto não se aplicaria às ações de propriedade do governo federal.
A manifestação foi feita em ação do governo federal que questiona a limitação do poder de voto da União na Eletrobras.
O governo quer poder proporcional à participação na empresa, que é de 43%. A lei de privatização da Eletrobras restringe esse poder a 10%.
Além disso, o procurador-geral da República reconheceu que o governo federal concordou em limitar seus direitos de voto durante o processo de capitalização, sem compensação pela perda de controle da empresa.
Ele também observou que o governo federal renunciou ao seu direito de voto na assembleia de acionistas na qual os termos de capitalização foram aprovados. Como exemplo, citou a transação da Embraer, no qual a União recebeu um prêmio para abrir mão do controle da empresa.
As ações da Eletrobras sofreram significativamente em agosto, afirma BBA
O fluxo de notícias sobre a Eletrobras foi definitivamente negativo em agosto, dizem analistas. O banco cita como exemplo o imbróglio envolvendo a usina nuclear Angra 3, a renúncia do CEO da empresa e o debate sobre os direitos de voto.
No entanto, o BBA ainda reitera recomendação outperform, equivalente a compra, com preço-alvo de R$ 61,60, devido a perspectivas positivas sobre a estratégia da empresa e a equipe.
Lucro bilionário da Eletrobras aumentou 16% no 2T23
A Eletrobras anotou lucro líquido de R$ 1,61 bilhão no segundo trimestre de 2023 (2T23), representando um aumento de 16% ante igual etapa do ano anterior.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Eletrobras no 2T23 foi de R$ 6,595 bilhões, representando uma alta de 59% na base anual.
Já o Ebitda recorrente cresceu 2%, para R$ 5,431 bilhões.
Segundo o resultado da companhia, a receita operacional líquida cresceu 4% ante igual etapa do ano anterior, para atuais R$ 9,246 bilhões.
A receita operacional líquida recorrente, por sua vez, saltou 4%, para R$ 9,209 bilhões.
A margem Ebitda da Eletrobras foi de 71% neste trimestre, ante 47% vistos um ano antes. Já a margem Ebitda recorrente caiu de 60% no segundo trimestre de 2022 para 59% entre os meses de abril e junho deste ano.