A Eletrobras (ELET3) mostrou um lucro líquido 44% menor no quarto trimestre na comparação com igual período do ano passado. De outubro a dezembro, a estatal lucrou R$ 1,269 bilhão, segundo valores reapresentados pela companhia seguindo orientação dos órgãos reguladores.
De acordo com a estatal de energia, os resultados do trimestre foram impactados, principalmente, pelo crescimento das receitas de transmissão, no valor de R$ 1,427 bilhão, refletindo a aprovação da revisão tarifaria das concessões de transmissão prorrogadas nos termos da Lei 12.783/2013, concluída em junho do ano passado, e por provisões para contingências no valor de R$ 3,128 bilhões, com destaque para R$ 2,251 bilhões relativos às contingências judiciais que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório. A Eletrobras também destacou o impacto do impairment realizado na usina de Candiota 3, no valor de R$ 611 milhões, dado o prazo previsto para encerramento do contrato por disponibilidade.
O Broadcast Energia já havia antecipado que um grande número de anotações não recorrentes, incluindo essas relacionadas a ajustes na transmissão e as provisões para contingencias e impairment influenciariam significativamente o balanço da Eletrobras, o que tornou difícil para analistas de mercado antecipar o desempenho da estatal no período.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 299 milhões no quarto trimestre, ante os R$ 3,239 bilhões reportados mesmo período de 2019. A margem Ebitda caiu de 42% para -3% em um ano.
Já o Ebitda recorrente da estatal – que exclui os ajustes feitos na receita de Candiota, bem como custos extraordinários com planos de aposentadoria extraordinária (PAE) e demissão consensual (PDC), despesas com investigação independente, provisões e despesas ou receitas relacionadas a acordos judiciais, entre outros itens – somou R$ 4,575 bilhões, alta de 46% frente o quarto trimestre do ano anterior, com margem de 50%, 10 pontos porcentuais mais elevada.
A receita operacional líquida somou R$ 9,013 bilhões entre os meses de outubro e dezembro, acima dos R$ 7,706 bilhões nos mesmos meses do ano anterior, alta de 17%, influenciada principalmente pela receita de transmissão impulsionada pela revisão tarifária.
O resultado financeiro ficou positivo em R$ 425 milhões, ante R$ 30 milhões negativos um ano antes, influenciado principalmente pela exposição da companhia à variação cambial.
Acumulado do ano
A Eletrobras registrou no consolidado do exercício de 2020 um lucro líquido de R$ 6,387 bilhões, 43% inferior aos R$ 11,133 bilhões obtidos no ano anterior. A companhia salienta que o lucro de 2019, é composto do resultado das operações continuadas de R$ 7,848 bilhões e de R$ 3,285 bilhões referente às operações descontinuadas (distribuição), com destaque para privatização da distribuidora Amazonas Energia. Com isso, pelo critério de operações continuadas, o lucro recuou 19%.
“Se considerarmos o resultados das operações continuadas, temos uma queda menor de R$ 1,461 bilhão, explicada principalmente por provisões e paradas de usinas não programadas, demonstrando a robustez da companhia, em termos de geração de caixa, mesmo em um ano marcado pela pandemia do covid-19”, escreveram os administradores, no relatório de resultados.
A estatal também destacou que o lucro do exercício de 2020 foi influenciado pela variação cambial decorrente da pandemia, que gerou, no ano, uma despesa financeira de R$ 544 milhões em 2020 em comparação à variação positiva de R$35 milhões em 2019.
A Receita Operacional Líquida caiu 2% ano contra ano, passando de R$ 29,714 bilhões para R$ 29,081 bilhões, refletindo, de um lado, os resultados positivos em transmissão em decorrência da Revisão Tarifária Periódica, de outro, o resultado negativo em geração, que foi afetado pela redução de receita na usina Candiota III e pela extensão das paradas das usinas de Angra 1 e 2, além do término de contratos de venda de energia no mercado regulado. Além disso, houve o impacto, já citado das provisões para contingências, que somaram R$ 4,188 bilhões no ano.
O Ebtida IFRS chegou a R$ 10,487 bilhões em 2020, queda de 9%, com margem de 36%, baixa de 3 p.p.. Pelo critério recorrente, o indicador apresentou queda de 2%, para R$ 13,978 milhões, com margem de 47% (-1 p.p.).
Em nota á imprensa, a presidente interina e diretora Financeira e de Relações com Investidores, Elvira Cavalcanti Presta, destacou a “disciplina financeira” da empresa, que vem sendo alvo do trabalho de reestruturação desenvolvido nos últimos anos, que levou a companhia a registrar um indicador Dívida líquida/Ebitda ajustado em 1,5 vez no encerramento do ano. “O menor desde 2016”, disse.
A Eletrobras fechou o ano de 2020 com uma dívida líquida recorrente de R$ 20,335 bilhões, 3% menor que os R$ 21,041 bilhões de 2019. O caixa consolidado somou R$ 14.3 bilhões.
Com Estadão Conteúdo