O presidente da Eletrobras (ELET3), Wilson Ferreira Júnior, disse nesta quinta-feira (29) que sua gestão estuda a venda de empresas em que o grupo tem participação, mas é minoritária.
O CEO da Eletrobras disse que sua gestão vai priorizar ativos em que a companhia é controladora. As declarações foram dadas em coletiva de imprensa.
“Vamos estudar possíveis vendas de SPEs (sociedades de propósito específico), nas quais somos minoritários. Queremos ativos onde temos controle. Não somos investidores financeiros”, disse o executivo.
A fala vem em linha com as expectativas do mercado em relação à nova gestão da Eletrobras sobre ganho de eficiência. Não significa necessariamente um enxugamento da empresa, uma vez que um dos eixos de ação anunciados é o estudo de “novas avenidas de crescimento”, via leilões ou fusões e aquisições.
Na rota do ganho de eficiência, disse Ferreira Jr., estão mudanças no tamanho do corpo de funcionários. Ele disse que, já em novembro, será apresentado um plano de demissão voluntária (PDV) negociado pelos dirigentes que o antecederam.
Esse programa, afirmou, será voltado a funcionários “aposentados e aposentáveis” e abrirá espaço para a contratação de colaboradores mais jovens.
Eletrobras “está barata”: XP inicia cobertura recomendando compra
A XP Investimentos deu início a sua cobertura em Eletrobras dando recomendação de compra e vendo a empresa como favorita no setor.
O preço-alvo estipulado para as ações da Eletrobras é de R$ 71, o que implica potencial de alta de 55% dado o fechamento do último pregão.
Os analistas vão direto ao ponto e resumem sua tese de investimentos “em poucas palavras”.
“A Eletrobras está barata e há vários upsides não mapeados”, cravam Herbert Suede, Maíra Maldonado e Marcella Ungaretti.
A Eletrobras é considerada pelos analistas como uma empresa privada operando repetidamente abaixo dos níveis de eficiência por anos, pronta para implementar todas as iniciativas necessárias para redução de custos — coisa difícil de se encontrar no setor, devido a sua natureza regulada.
A recente eleição de Wilson Ferreira Júnior para o cargo de CEO é sinal de que mudanças devem acontecer rapidamente.
“Sua longa trajetória no setor e experiência recente na companhia apontam para isso”, diz a XP.
Além disso, a XP enxerga na Eletrobras:
- um enorme potencial de crescimento derivado de iniciativas de redução de custos;
- a existência de ineficiências fiscais fáceis de resolver;
- a forte geração de caixa e inúmeras alternativas de investimento com retornos atrativos;
- o processo de privatização recente com mudanças substanciais em andamento que deverão impulsionar os retornos.
Os riscos envolvendo a ex-estatal existem, mas não são incontroláveis — o mais proeminente é de que a Eletrobras não consiga alocar a energia descontratada derivada da migração do regime de cotas para o regime de produto independente a preços favoráveis.
“Para lidar com esse risco, esperamos que a companhia desenvolva ou adquira uma comercializadora no curto prazo“.
No que se refere a fusões e aquisições, a Eletrobras tem várias oportunidades, mas quase todas estão concentradas no lado da venda.
Os analistas da XP esperam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica tenha cautela ao analisar eventuais operações, devido ao tamanho da companhia no mercado.
“A Eletrobras já é uma gigante e, como tal, esperamos maior escrutínio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica”.
Os analistas da XP enxergam a Eletrobras como um “investimento atrativo”, com uma taxa interna de retorno real de 11,9%.
(Com informações do Estadão Conteúdo)