O presidente da Eletrobras (ELET3),Wilson Ferreira Júnior, afirmou na segunda-feira (25) que não vê prioridade do Congresso para privatização da estatal, desse modo, sua “contribuição fica perdida”. Ferreira Júnior pediu demissão do cargo no domingo (23) e foi anunciado como futuro presidente da BR Distribuidora.
“Por parte do governo federal, continua sendo uma prioridade. Minha avaliação sobre andamento da privatização [da Eletrobras] se deve a declarações que foram feitas”, disse o executivo.
Em conferência com os analistas para anunciar sua renúncia ao cargo, Ferreira Jr, destacou que a decisão de deixar o cargo foi pessoal. No entanto, a declaração que fez foi em referência a Rodrigo Pacheco, candidato à presidência do Senado. Apoiado pelo governo de Jair Bolsonaro, o parlamentar disse ao jornal “O Estado de S.Paulo” que a privatização da Eletrobras não seria o foco da sua gestão.
“Não estou aqui para questionar. Posso dizer que é uma prioridade do Ministério de Minas e Energia e Ministério da Economia, necessário para fazer frente aos desafios fiscais que o país tem. É uma condição necessária, mas, aparentemente, não suficiente”, disse Ferreira Júnior.
“Então, foi uma decisão pessoal, vendo que a reestruturação da empresa estava cumprida e ela tem hoje capacidade de investimentos modestos, mas suficientes”, completou.
O executivo destacou que a desestatização é o principal passo para a retomada de capacidade de investimentos da empresa. Além disso, relembrou aos analistas que em sua chegada em 2016, reduziu em 50% o pessoal empregado e 40% os custos fixos, o que levou a um endividamento menor.
“Conduzimos o maior programa de reestruturação de uma estatal. Reduzimos quadro de funcionário, melhoramos governança, companhia foi profissionalizada. Somente nos últimos três anos tivemos mais de R$ 30 bilhões de lucro. Reduzimos a alavancagem da companhia, concluímos obras, mas ainda há alguns desafios importantes, no sentido de retomar os investimentos”, afirmou Ferreira Júnior.
‘Se Eletrobras for capitalizada venderia energia em condições melhores’
O executivo apontou que uma prova do crescimento da companhia nos últimos anos foi o aumento dos preços das ações da empresa. “Eu comprei ações da Eletrobras. É uma prova de confiança”.
Contudo, a discussão sobre privatizações ainda sofre resistência da opinião pública. Diante disso, com a proximidade da eleição de 2022, os processos de desestatização são inviabilizadas.
“No quarto ano de mandato, começam as discussões para a eleição [presidencial]. Se não for uma prioridade agora, de viabilizar neste ano, passaria para o ano que vem e encontraríamos dificuldades”, disse Ferreira Jr.
Na análise do executivo a Eletrobras ainda tem um “futuro brilhante” pela frente, mesmo sem ser capitalizada. Porém, ela pode ser “ainda mais competitiva, crescer mais, ocupar mais espaço, se for capitalizada. A companhia venderia energia em condições melhores do que hoje”.