Eletrobras (ELET3): analistas recomendam compra, apesar do prejuízo no 3T22: “Resultados poluídos”

Neste terceiro trimestre, a Eletrobras (ELET3) reportou prejuízo líquido de R$ 88 mil. No mesmo período do ano passado, a empresa de energia tinha apresentado um lucro líquido de R$ 965 milhões. Os analistas do BTG Pactual destacam que este foi o segundo resultado trimestral após a privatização.

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Os analistas do banco lembram que o balanço do terceiro trimestre da Eletrobras passou a consolidar Santo Antônio Energia e refletiu todas as alterações estruturais decorrentes do processo de capitalização.

Os analistas da XP citam que a Eletrobras vem passando por um processo de reorganização.

Sobre o resultado do 3T22 da Eletrobras, o atual CEO da empresa, Wilson Ferreira, “mantém uma comunicação contínua com o mercado sobre diversos pontos essenciais que compõem a tese de investimentos após privatização”.

O BTG Pactual comenta que, após Ferreira assumir a presidência em setembro, a empresa anunciou algumas medidas no mês seguinte.

São estas:

  • a administração vem discutindo a conversão entre as ações ordinárias (ELET3) e preferenciais (ELET6) para migrar a companhia para o Novo Mercado, com proposta de 1,1 ação ordinária para cada preferencial;
  • o programa de demissão voluntária, que acontece entre 1º e 18 de novembro. Esse programa custará R$ 1 bilhão, com retorno de 11,2 meses.

Resultados do 3T22 ainda estão ‘poluídos’

Na visão de analistas da XP Investimentos, a Eletrobras registrou números “ainda muito poluídos” no terceiro trimestre.

A casa de análise informa que os resultados foram impactados, “conforme esperado”, pela consolidação da SAESA e os pagamentos da CDE e das obrigações com a revitalização de bacias hidrográficas.

“As contingências (atraso na entrega de linhas de transmissão na Chesf) e provisões (possível inadimplência da Amazonas Energia) foram relevantes, mas nada que influenciasse a tese de investimento de longo prazo da companhia”.

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Segundo a XP, de forma “não surpreendente”, a empresa teve que provisionar R$ 533 milhões de possível inadimplência da Amazonas Energia e melhorar as contingências em R$ 588 decorrentes da reclassificação do litígio contra a Chesf relativo ao atraso na entrega do Extremoz II – João Câmara II de 230 kV.

Além disso, a companhia passou a contabilizar maiores encargos setoriais e depreciação de novos contratos de concessão.

“Todos esses efeitos, somados às despesas financeiras adicionais da consolidação da Santo Antônio, contribuíram para reduzir o lucro líquido, mas não necessariamente a geração de caixa”, informa a XP.

O analista Bernardo Viero, da Suno Research, comenta: “Chama atenção a agilidade com que vêm sendo implementadas as iniciativas do pós-privatização, com a gestão indo totalmente em linha com as expectativas do mercado ao tratar e avançar em temas como cortes massivos nos custos, renegociação de passivos e saída de sociedades ineficientes.”

Ele cita o Plano de Demissão Voluntária (PDV), lançado há pouco mais de uma semana e que” já apresenta uma adesão de 53% do potencial, mostrando que a companhia já deve iniciar o ano de 2023 com uma estrutura muito mais otimizada em termos de custos.” Viero complementa: “Lembrando que o PDV é apenas uma de 40 medidas já iniciadas, e que devem ser 80% concluídas até o final do primeiro semestre de 2023.”

O analista da Suno também ressalta: “Para se ter uma dimensão do espaço de otimização que há nessa frente, destaco que a empresa encerrou 2021 com 14% de despesas com pessoal ante a sua receita líquida, ou o dobro acima da segunda empresa menos eficiente do setor elétrico nesse indicador.”

Mais: “Há um potencial de venda e arrecadação de cerca de R$ 4,4 bilhões atualmente alocados em participações minoritárias em negócios que não fazem parte do planejamento estratégico atual. Com isso, a empresa deve reforçar o caixa ao mesmo tempo em que simplifica a sua estrutura ainda bastante complexa.”

E como será nos próximos trimestres? “Para quem está de olho no que será a Eletrobras no médio e longo prazo, pontos como esses devem ser os mais considerados em detrimento do resultado trimestral conturbado apresentado, ainda muito influenciado por obrigações relativas ao processo de privatização e, sobretudo, pelos benefícios do processo que devem se traduzir em números ao longo do tempo”, conclui ele.

Recomendação para as ações da Eletrobras

O BTG Pactual conta com recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 63,00.

A XP Investimentos, por sua vez, mantém recomendação de compra para as ações da Eletrobras, com preço-alvo de R$ 71,00.

Nesta quinta-feira (10), após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, as ações da Eletrobras operam em forte queda na bolsa de valores brasileira. Por volta das 17h, os ativos caíam 8,78%, a R$ 44,15. Ainda assim, os papéis acumulam alta anual próxima a 35%.

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Silvio Suehiro

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