Os analistas do BTG Pactual mantêm recomendação dos papéis da Eletrobras (ELET3), com o preço-alvo de R$ 63, após se reunir com o novo CEO, Wilson Ferreira Júnior.
Ferreira voltou a ser presidente da Eletrobras em 19 de setembro, depois da desestatização da elétrica no meio do ano.
O novo CEO estabeleceu sete metas a serem alcançadas até o final de 2023 na Eletrobras:
- tornar-se a empresa mais eficiente em geração e transmissão;
- reduzir seu custo de capital;
- reduzir passivos contingentes;
- tornar-se o número 1 em emissões e indicadores sociais e de governança;
- reduzir ainda mais as SPEs;
- alienar participações minoritárias não estratégicas; e
- melhorar os indicadores de qualidade e segurança.
Além disso, o CEO não está preocupado com o risco de reestatização da Eletrobras pós-eleições. Isto porque, se o governo ou qualquer acionista adquirir o controle acionário de 50,1% da Eletrobras, teria de pagar mais de R$ 300 bilhões.
O foco nos próximos 2 a 3 anos da Eletrobras será o processo de turnaround, disse Ferreira.
Vendas de energia em 2023
Na visão do BTG, os resultados da Eletrobras no 3T22 mostraram uma melhora na comercialização de energia. A posição descontratada da Eletrobras em 2023 caiu de 36% no 2T para 30%, mantendo preços médios de venda de energia acima de R$ 202/MWh.
Ferreira sinalizou para o BTG que os contratos adicionais foram assinados no início do terceiro trimestre, quando os preços estavam acima do nível atual, e vendidos principalmente por meio de contratos de 2 a 3 anos a preços acima de R$ 190/MWh.
Os analistas estimam que deve haver apenas 10 a 15% de energia ainda disponível para ser vendida em 2023 e que a Eletrobras pode querer manter parte de sua energia não contratada como hedge para GSF (Generation Scaling Factor).
“Mas, com níveis de preços muito baixos, [a Eletrobras] prefere esperar uma janela melhor antes de vender a energia restante”, contaram.
Estratégia de comercialização de energia
“O fim do regime de cotas significa que a ELET terá 7,5GW médios para serem comercializados nos próximos 5 anos”, explica o BTG.
Na reunião com o CEO, Ferreira afirmou que cogita criar uma estrutura de negociação no nível da holding para centralizar a estratégia, recebendo um honorário da subsidiária para ser remunerado por esses serviços.
O assunto ainda está em análise na Eletrobras, mas é possível para o BTG criar processos de comercialização internamente sem comprar uma empresa.
Os analistas avaliam que a vantagem de comprar uma empresa é a integração de seus clientes. Entretanto, como a abertura do mercado livre expandirá significativamente o mercado endereçável, não há nenhuma empresa com grande vantagem competitiva.
Outros projetos
A Eletrobras também está com iniciativas de redução de custos, como um programa de desligamento voluntário, para 2,3 mil funcionários elegíveis, que está previsto para ocorrer de 1º a 18 de novembro.
O programa custará R$ 1 bilhão, com retorno de investimento de 11,2 meses. Ferreira está otimista que a maioria dos funcionários qualificados se juntará ao programa.
Além disso, a Eletrobras está com:
- Negociações de empréstimos compulsórios em andamento. As provisões de empréstimos compulsórios totalizam R$ 26 bilhões e a prioridade será baseada no tamanho, probabilidade de sucesso e prazo;
- Discussões de conversão ON:PN de olho na migração para o Novo Mercado;
- Redução de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e venda de participações minoritárias não estratégicas;
- Projetos voltados para o ESG, planejando vender usinas térmicas ineficientes, reduzindo pela metade suas emissões de 89tCO2/MWh atualmente.
Cotação da Eletrobras
As ações da Eletrobras fecharam em queda de 0,23%, cotadas a R$ 43,70.