Em novo relatório sobre a Eletrobras (ELET3), o Itaú BBA reduziu o preço-alvo para as ações de R$ 59,60 para R$ 54,90, mas manteve a recomendação outperform (compra) e destacou o potencial de pagamento de dividendos da companhia.
A casa afirma que a nova projeção reflete principalmente um cenário macroeconômico mais desafiador, com aumento no custo de capital próprio (de 8% para 9%), além de ajustes no valor atribuído à Eletronuclear e na abordagem sobre créditos fiscais e pagamentos de Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Apesar da revisão no preço-alvo para as ações da Eletrobras, o Itaú BBA destaca que a ELET3 está posicionada para se tornar uma das melhores pagadoras de dividendos do setor elétrico, com potencial de reavaliação relevante, uma vez que o mercado costuma precificar empresas de dividendos em uma taxa interna de retorno (IRR) abaixo de 10%. Atualmente, a Eletrobras negocia com IRR implícito de 14,8%.
O relatório aponta que a Eletrobras Holding e a Furnas devem pagar quase zero em imposto de renda nos próximos anos, devido a deduções significativas, como os pagamentos compulsórios e contingenciais, que somam cerca de R$ 3,8 bilhões anuais até 2030.
Além disso, após o encerramento desses pagamentos, a empresa poderá utilizar os créditos fiscais acumulados e aumentar o pagamento de JCP, reduzindo ainda mais a base tributária, diz o BBA.
Outro ponto favorável mencionado é o progresso nas negociações para resolver a disputa entre Eletrobras e o governo federal sobre os direitos de voto.
A retirada do pagamento antecipado de recursos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) do centro das discussões representa um avanço significativo, segundo a casa, abrindo espaço para um aumento no pagamento de dividendos da Eletrobras ou uma antecipação no pagamento de dívidas com custos elevados. O banco destaca a posição de caixa robusta da companhia, atualmente em torno de R$ 30 bilhões.
Assim, o Itaú BBA vê a Eletrobras como uma das melhores oportunidades de dividendos na sua cobertura. Os analistas afirmam que a companhia possui um equilíbrio entre crescimento em investimentos de transmissão e distribuição de proventos.
Com alavancagem controlada em 1,7x EBITDA ao fim do terceiro trimestre de 2024 e geração de caixa sólida, a expectativa do BBA é de um dividend yield superior a 9% a partir de 2026, assumindo um payout de 100%.
Por fim, o Itaú BBA reforça a recomendação de compra para as ações ELET3, destacando a combinação de valuation atrativo — com IRR implícito de cerca de 15% —, potencial para valorização dos preços de energia e antecipação do status de forte pagadora de dividendos.
Além disso, completa o relatório, a Eletrobras também possui vantagens em relação aos pares do setor em um ambiente de juros altos, devido à alavancagem mais baixa e menor duração da dívida.