Nesta semana, a Eletrobras (ELET3) realizou seu primeiro Investor Day após privatização, no qual esteve presente toda a alta administração, compartilhando resultados e estratégias. Segundo o Itaú BBA, a equipe é de extrema qualidade e apresentou um planejamento coeso que trará valor. Por isso, a recomendação do banco é de compra das ações.
Um dos pontos elogiados pela equipe do Itaú BBA trata da redução de empréstimos compulsórios. “A Eletrobras tem reduzido seus passivos de empréstimos compulsórios patrimoniais e extrapatrimoniais por meio de liquidações com descontos aos valores contabilizados.”
Desde a privatização da Eletrobras, a empresa conseguiu cortar suas provisões para empréstimos compulsórios em R$ 2,1 bilhões. “Esperamos novas reduções nos próximos trimestres, já que a empresa está em fase inicial de liquidação de R$ 3 bilhões de passivos e está negociando outros processos que totalizam R$ 2,5 bilhões”, projeta o BBA.
Além disso, os analistas do Itaú BBA destacam que a agenda de eficiência da empresa está avançando, com várias iniciativas que devem levar a uma redução de 42% nas despesas controláveis (PMSO) até 2026, em relação aos níveis de 2022. “A Eletrobras espera que as despesas com PMSO caiam de R$ 8,8 bilhões para R$ 7 bilhões em 2024 e para R$ 5,1 bilhões em 2026, em termos reais.”
Associados a essas reduções estão os custos com pessoal, que reduziram em média 55%, após 2.500 empregados aderirem ao primeiro programa de desligamento voluntário, resultando em uma economia anual de R$ 1,1 bilhão.
Com isso, a recomendação do BBA é de compra da ação da Eletrobras, com preço-alvo em R$ 61, um potencial de valorização de 59%. Hoje, as ações da ELET3 caíram 2,13%, sendo cotadas em R$ 38,17.
Cotação ELET3
Os litígios jurídicos envolvendo a privatização da Eletrobras
De acordo com o Itaú BBA, o diretor jurídico da Eletrobras, Marcelo Freitas, apresentou fortes argumentos contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) da União.
Freitas alega que a privatização seguiu todos os trâmites legislativos e legais cabíveis e também foi aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Atualmente, existem cinco ações diretas em andamento por diferentes entidades para contestar a privatização da Eletrobras, sendo que a mais antiga delas foi ajuizada há quase dois anos. O ministro Nunes Marques, do STF, relator de todas as ADIs, decidiu que o caso deveria ser analisado pelo Conselho do STF, negando pedidos de liminar de urgência.
Eletrobras quer se beneficiar do boom do hidrogênio verde
A Eletrobras acredita, segundo o Itaú BBA, que o Brasil está em uma posição única para se
beneficiar do boom do hidrogênio verde, dada a abundância de energia renovável no país e a custos muito atrativos.
“A ex-estatal acredita estar em uma posição privilegiada para se beneficiar dessa oportunidade, dada a sua grande capacidade hídrica não contratada, que oferece energia confiável durante o dia/noite e, assim, permitiria que os eletrolisadores operassem com alto fator de carga”, diz o BBA.
A empresa acredita que pode haver demanda adicional se o hidrogênio verde se tornar uma realidade no Brasil, potencialmente consumindo 11-12 GWavg (gigawatts) até 2030.
Oportunidades promissoras no setor de transmissão
A Eletrobras afirma ter identificado boas oportunidades de negócios nos setores de transmissão e geração de energia.
No setor de transmissão, a empresa vê oportunidades tanto em projetos greenfields (novos empreendimentos) quanto em projetos brownfields (expansão ou modernização de instalações existentes). A empresa planeja realizar um investimento de aproximadamente R$ 11-16 bilhões em projetos brownfield de transmissão entre 2023 e 2027, sendo que R$ 6 bilhões já foram aprovados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Além disso, a administração da empresa mencionou oportunidades adicionais de crescimento da Eletrobras, indicando que participará dos próximos leilões de transmissão e está avaliando 15 transações de fusões e aquisições (M&A) nos setores de geração e transmissão de energia.
Eletrobras deve ser a primeira de energia a atingir net zero até 2030, diz presidente da empresa
O CEO da Eletrobras acredita que a companhia deverá ser a primeira empresa de energia do mundo a atingir o net zero até 2030.
“Reduzimos as nossas emissões de gases do efeito estufa em 42% de um ano para o outro. Devemos ser a primeira empresa do mundo a atingir o net zero até 2030”, disse Ferreira Junior.
Segundo o executivo, esse foi o principal destaque passado aos investidores durante o Eletrobras Day.
“A Eletrobras já é a segunda maior empresa do mundo em energias renováveis e a que se movimentou mais fortemente naquilo que o mundo espera de empresas de energia, que é ser grande em renováveis e ter poucas emissões por megawatt-hora gerado”, continuou.