A Eletrobras (ELET3) está diante de um cenário incerto, porém encarado com otimismo pelos analistas do Itaú BBA e da Genial Investimentos. Enquanto disputa pelo seu direito de voto em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), modificações nas subsidiárias e oscilações no mercado de energia, a elétrica seguem com recomendação de compra de ações das duas casas.
Os resultados trimestrais da Eletrobras serão divulgados nesta quarta-feira (13).
O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF) a ação em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, questiona a redução de poder de voto da União na Eletrobras. A decisão se deu na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7385, no final de dezembro.
A Lei de desestatização da Eletrobras (Lei 14.182/202) proíbe que acionistas ou grupo de acionistas tenham votos em número superior a 10% da quantidade de ações em que se dividir o capital votante da empresa. Na ação, a Advocacia-Geral da União (AGU) sustenta que a aplicação imediata dessa regra às ações detidas antes do processo de desestatização representa grave lesão ao patrimônio e ao interesse públicos, porque a União manteve cerca de 42% das ações ordinárias, mas não tem voto proporcional a essa participação.
De acordo com os analistas Victor Sousa e Israel Rodrigues, da Genial, a Eletrobras e demais nomes do setor de geração de energia viram uma alta na demanda acima do normal para o final do ano, devido às altas temperaturas do verão.
“Como exemplo de empresa que pode se beneficiar, temos a Eletrobras que possui uma grande quantidade de energia descontratada e que estava sendo negociada com desconto por causa, mas não exclusivamente, do temor da empresa em não conseguir recontratar seu portfólio de energia à níveis de preços mais atraentes”, apontam os analistas.
Recuperação durante negociações de votos da União no STF
Para os analistas do Itaú BBA, o atual processo de recuperação da companhia, em meio às mudanças na alta administração são pontos positivos, ao passo que as negociações com o governo atrasam uma certeza sobre o direcionamento.
“Estamos otimistas em relação à velocidade do processo de recuperação, dadas as recentes mudanças na alta administração, e há a possibilidade de a empresa chegar a um acordo com o Governo Federal sobre a disputa de direitos de voto no STF”, afirma o BBA.
Quanto à disputa com o governo em relação aos direitos de voto na Eletrobras, os analistas citam que um acordo com o governo federal no STF eliminaria uma grande incerteza para as ações.
“Um acordo pode ocorrer mais cedo do que o mercado espera. Muitos investidores internacionais com os quais interagimos em 2023 estavam cautelosos em comprar ações da Eletrobras, temendo o risco de um desfecho negativo desta disputa. Portanto, acreditamos que, uma vez resolvido, pode haver influxos de capital estrangeiro nas ações”, explica a equipe do BBA.
“Acreditamos que a perspectiva de médio a longo prazo, [o preço spot, da energia] permanece muito estável devido ao excesso de oferta e aos níveis elevados de reservatórios”, pondera o Itaú BBA.
Comprar ou vender ações da Eletrobras (ELET3)
Ambas as casas apontam que as ações da Eletrobras (ELET3) parecem estar descontadas, considerando todos os fatores negativos que poderiam atrapalhar os negócios.
Em seu relatório mais recente, de janeiro deste ano, o Itaú BBA manteve a sua recomendação de compra, reduzindo o preço-alvo de R$ 61,6 para R$ 53,5. Segundo os analistas, o preço atual das ações apresenta mais potencial de valorização (upside de 24,4%) do que risco de desvalorização, já refletindo uma baixa curva de preços de energia.
Como catalisadores de curto prazo, os analistas do Itaú BBA citam:
- Potencial acordo com o governo federal sobre a disputa de direitos de voto.
- Venda de ativos térmicos em termos atrativos.
- Reduções adicionais de provisões compulsórias.
- Assinatura de novos PPAs em termos atrativos.
- Próximo leilão de capacidade.
Do outro lado, principais riscos seriam um desfecho desfavorável na disputa de direitos de voto no STF; perdas decorrentes da não realização ou condições desfavoráveis do projeto Angra 3; subsídios adicionais para o desenvolvimento de energias renováveis aumentando a sobreoferta e pressionando os preços de energia.
A Genial também mantém sua recomendação de compra para os ativos, com o preço-alvo um pouco abaixo (R$ 52,00) e potencial de 20,23%.
Nesta segunda-feira, por volta das 15h30 de Brasília, os papeis da elétrica eram negociados a R$ 43,30.
ELET3 reverte prejuízo e lucra R$ 1,4 bilhão no 3T23
A Eletrobras anotou lucro líquido de R$ 1,477 bilhão no terceiro trimestre de 2023 (2T23), revertendo o prejuízo de R$ 0,1 milhão registrado igual etapa do ano anterior.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Eletrobras no 2T23 foi de R$ 4,815 bilhões, representando uma alta de 99% na base anual. Já o Ebitda recorrente cresceu 42%, para R$ 4,560 bilhões.
Segundo o resultado da companhia, a receita operacional líquida cresceu 4% ante igual etapa do ano anterior, para atuais R$ 9,246 bilhões.
A receita operacional líquida recorrente, por sua vez, saltou 9%, para R$ 8,781 bilhões, refletindo principalmente o aumento das receitas de transmissão.
A margem Ebitda da Eletrobras foi de 55% neste trimestre, ante 30% vistos um ano antes. Já a margem Ebitda recorrente subiu de 40% no terceiro trimestre de 2022 para 52% entre os meses de julho e setembro deste ano.
O resultado financeiro da Eletrobras saiu de R$ 1,819 bilhão negativos nos 3T22 para R$ 3,119 bilhões negativos no terceiro trimestre deste ano.