As ações da Eletrobras (ELET3) abriram o pregão desta terça-feira (26) com uma queda de 8,23%, a R$ 27,75. O mercado avalia as consequências do pedido de renúncia do presidente Wilson Ferreira Junior. A saída do executivo, que foi justificada por razões pessoais, salientaram a insatisfação do mesmo com a morosidade pela privatização da estatal.
Pouco depois da forte queda logo na abertura, os papéis da Eletrobras entraram em leilão. Por volta do mesmo horário, às 10h10, o Ibovespa operava estável, caindo 0,01%.
Segundo Ferreira Junior, o Congresso não vê prioridade para a desestatização da Eletrobras, de modo que sua “contribuição seja perdida”. “Por parte do governo federal, continua sendo uma prioridade. Minha avaliação sobre andamento da privatização se deve a declarações que foram feitas”, disse em teleconferência com analistas na última segunda-feira (25).
Na última quinta-feira (21), o candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco, questionou o processo de privatização da Eletrobras. Em entrevista ao Estadão/Broadcast que não se pode “entregar o patrimônio nacional a qualquer preço”. Naquele dia, as ações ordinárias da estatal fecharam em queda de 5,15%.
Na conversa com os analistas, o executivo salientou que a desestatização é o principal passo para a retomada de capacidade de investimentos da companhia. Ademais, salientou que em sua chegada em 2016, reduziu em 50% o pessoal empregado e 40% os custos fixos, reduzindo o endividamento da estatal.
As ADRs (American Depositary Receipts) da Eletrobras negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) fecharam em forte queda de 11,76%, a US$ 4,95, no último pregão. Por conta do feriado do aniversário de São Paulo, a B3 não abriu na última segunda — é esperado que o movimento se repita por aqui.
Eletrobras se antecipa ao governo e já procura substituto
A Eletrobras disse, na última segunda, que já deu início à sucessão de Ferreira Junior. Diferentemente do que ocorre em outras estatais, o Conselho de Administração assumiu as rédeas da escolha do novo executivo e contratou uma auditoria externa para auxiliar no processo.
“É missão do Conselho de Administração zelar pela higidez do sistema de governança e pela adequada direção da Eletrobras, em linha com as diretrizes e objetivos traçados no plano estratégico (2020-2035) e em seu plano diretor de negócios e gestão (2021-2025)”, comunicou a companhia em comunicado.
Em situações similares, é comum que o governo federal intervisse e, sem cumprir com os costumes de boas práticas de governança (a empresa está no Nível 1 de governança corporativa da B3), elegesse um novo presidente com uma indicação política — sobretudo em início de mandato.
A estatal quis antecipar esse processo, sobretudo em meio à disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e Senado.
O ex-presidente da Eletrobras aceitou o convite da BR Distribuidora (BRDT3) e assumirá a liderança da companhia, que foi privatizada em 2019, após a venda da participação da Petrobras (PETR4), tornando-se uma corporation.