Eletrobras (ELET3) teve ‘trimestre poluído’, mas XP recomenda compra
Apesar de os analistas da XP terem visto um ‘trimestre poluído’ para a Eletrobras (ELET3), a recomendação é de compra para os papéis, mirando R$ 71 por ação. Os papéis são negociados a R$ 48,40, dado o preço de fechamento de quarta-feira (9), anterior à divulgação do balanço.
“A Eletrobras reportou números ainda muito poluídos no 3T22. Conforme esperado, a consolidação da SAESA e os pagamentos da CDE e das obrigações com a revitalização de bacias hidrográficas impactaram os resultados”, dizem os analistas da XP.
“As Contingências (atraso na entrega de linhas de transmissão na Chesf) e provisões (possível inadimplência da Amazonas Energia) foram relevantes, mas nada que influenciasse a tese de investimento de longo prazo da companhia”, seguem.
Segundo a casa, os resultados ficaram ‘em linha com as estimativas’, dado o Ebitda recorrente de R$ 3,6 bilhões, considerando a desconsolidação da Eletronuclear e incluindo Santo Antônio no resultado.
Além disso, os especialistas da XP citam que a Eletrobras possui um potencial considerável de geração de caixa e atualmente apresenta uma relação Dívida Líquida / EBITDA de 1,8x.
A projeção é de que ‘a casa seja organizada’ nos meses seguintes, dada a mudança de gestão com a troca de CEO nos últimos meses e os movimentos feitos após a conclusão da privatização da Eletrobras.
“A Eletrobras está passando por um processo de reorganização. O Wilson Ferreira, atual CEO, mantém uma comunicação contínua com o mercado sobre diversos pontos essenciais que compõem a tese de investimento após privatização. Iniciativas de redução de custos já começaram, como o PDV”, diz a XP.
“Além disso, a contratação de consultores para traçar estratégias de alocação de capital e escritórios para negociação de contingências nos dão um forte viés de que podemos esperar novidades relevantes nos próximos trimestres não apenas na frente mais óbvia de controle de custos, mas também na gestão de contingências e alocação de capital”, conclui.
Veja mais números da Eletrobras no 3T22
A Eletrobras teve um prejuízo de R$ 88 mil ao fim do terceiro trimestre de 2022 (3T22), revertendo R$ 965 milhões de lucro vistos em igual período no ano anterior. O consenso Bloomberg projetava um lucro de R$ 849 milhões.
Além disso, a Eletrobras viu suas receitas de transmissão caírem R$ 1,94 bilhão e suas despesas financeiras saltarem R$ 1 bilhão, contemplando o ‘impacto decorrente da deflação’, ao passo que o aumento de despesa foi justificado pelos encargos da dívida que vieram com a incorporação da Santo Antônio Energia.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Eletrobras no 3T22 somou R$ 3,197 bilhões, representando uma queda de 36% ante igual período do ano anterior.
O Ebtida recorrente, que exclui custos e provisões de ativos e planos, caiu 54%, para R$ 2,419 bilhões.
A receita líquida da Eletrobras foi de R$ 8 bilhões, mostrando uma queda de 12,65% na base anual.
As projeções do consenso Bloomberg eram de R$ 4 bilhões de Ebitda, ante R$ 8,4 bilhões de receita, com margem Ebitda de 47,5% e margem líquida de 10,1%.
Os custos e despesas operacionais totais da Eletrobras fecharam o trimestre em R$ 7,377 bilhões, sendo uma cifra que representa um recuo de 31% na comparação com o igual etapa do ano passado.
Os investimentos da Eletrobras ficaram praticamente estáveis, com queda de 3% na base anual, para atuais R$ 990 milhões.