Após o término do primeiro trimestre de balanço deste ano (1T24), algumas empresas entregaram resultados que foram bem recebidos pelo mercado, como a Engie (EGIE3) e a Eletrobras (ELET3).
Enquanto as receitas líquidas da Eletrobras (8,3%) e Copel (2,2%) cresceram, a geradora e distribuidora francesa Engie (8,9%) regrediu no período em relação ao mesmo período do ano anterior (1T23).
A seguir, o consultor de investimentos da Suno Consultoria, Stefano Brandalise, destacou os principais aspectos dos balanços das companhias distribuidoras de energia que considera relevantes no momento.
Engie (EGIE3) ainda pode crescer 25% em 2024
Os resultados da Engie vieram abaixo das expectativas do mercado para o 1T24.
A receita líquida ajustada caiu 8,9% (vs. 1T23), totalizando R$ 2,6 bilhões, impactada pela venda da Termelétrica Pampa Sul e pela conclusão tardia da aquisição das usinas fotovoltaicas. A venda parcial da participação na TAG também contribuiu para a queda de R$ 1,7 bilhão no Ebitda ajustado (queda de 8%), o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
“Apesar desses resultados fracos, vemos perspectivas de crescimento e recuperação no curto prazo, impulsionadas pelos investimentos contínuos em novos projetos de geração e transmissão. A alavancagem aumentou temporariamente devido a esses investimentos, mas a expectativa é de desalavancagem conforme os projetos sejam concluídos e comecem a gerar resultados,” comenta Brandalise.
Espera-se um crescimento de 25% na geração de energia até o final de 2024 e início de 2025, indica o consultor de investimentos, com o início das operações dos ativos fotovoltaicos.
Além disso, todas as transmissoras da Engie devem estar energizadas até 2027, consolidando um período de expansão significativa.
“Esses investimentos são considerados cruciais para o futuro da Engie, proporcionando assim uma base sólida para crescimento contínuo e sustentabilidade financeira a longo prazo”, avalia o consultor.
Investimentos da Eletrobras (ELET3/ELET6) devem refletir em capacidade até 2026
A Eletrobras entregou um desempenho positivo no 1T24, com um aumento na receita de transmissão e maior eficiência em custos e despesas.
A receita líquida cresceu 8,3% (vs. 1T23), alcançando R$ 9,7 bilhões, enquanto o Ebitda recorrente aumentou 4,8%, totalizando R$ 5,4 bilhões. No entanto, o lucro líquido recorrente caiu 22,1%, atingindo R$ 865 milhões. Essa diferença entre a evolução de resultados operacionais e lucros foi influenciado por resultado financeiro negativo de R$ 2,8 bilhões.
A alavancagem da empresa permaneceu estável, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,9 vezes, indicando a solidez do balanço. A receita bruta de transmissão aumentou 30,8%, chegando a R$ 5,1 bilhões, e houve uma redução de 11,3% nas despesas operacionais graças a iniciativas de otimização e Planos de Demissão Voluntária.
A Eletrobras investiu R$ 1,2 bilhão no trimestre, com R$ 870 milhões destinados ao crescimento de novos ativos, recapitula Brandalise. “Até 2026, a empresa planeja iniciar operações de três novas geradoras, aumentando sua capacidade de geração em mais de 1,5%.”
No segmento de transmissão, espera-se uma nova receita anual permitida (RAP) de R$ 1,8 bilhão, um aumento de 9,6% (vs. Atual), com novos ativos entrando em operação até 2029.
“A Eletrobras demonstra potencial robusto, combinando uma base financeira sólida, eficiência operacional e investimentos estratégicos, projetando um cenário positivo para o futuro, mesmo com quedas recentes no preço de suas ações (ELET3/ELET6)”, afirma o consultor.
Copel (CPLE6) terá desafios de recuperação no curto prazo
No primeiro trimestre de 2024, a Copel apresentou resultados abaixo do esperado, “principalmente devido ao menor preço médio de venda de energia”, aponta Brandalise.
A receita líquida da Copel ajustada foi de R$ 4,8 bilhões, um aumento de 2,2% em relação ao 1T23, mas o Ebitda ajustado caiu 7,3% (vs. 1T23), totalizando R$ 1,4 bilhão. O lucro líquido ajustado diminuiu 11,4%, atingindo R$ 523,9 milhões. Esse desempenho foi afetado pelos custos mais altos com pessoal e administradores.
Por outro lado, o segmento de distribuição apresentou um bom desempenho. A Copel também vendeu cerca de 4% da energia descontratada para o ciclo 2024-2027, aproveitando a alta nos preços no início do ano. O plano de demissão voluntária, previsto para economizar R$ 310 milhões anuais, deverá ter impacto no segundo semestre.
“Apesar dos desafios, a Copel tem perspectivas de recuperação no curto prazo, graças a medidas de redução de custos e otimização de contratos de energia,” comenta o especialista da Suno Consultoria.
Neoenergia (NEOE3) flexibilidade pode melhor cenário no curto prazo
O primeiro trimestre de 2024 foi positivo para a NEOE3, com aumento na demanda em distribuição, receita líquida de R$ 9,6 bilhões (0,6% de crescimento vs. 1T23), e Ebitda ajustado de R$ 2,8 bilhões (8,1% de aumento).
No entanto, o lucro líquido da Neoenergia caiu para R$ 1,1 bilhão (-7,2%) devido ao pagamento de dívidas. A empresa investiu R$ 1,9 bilhão, principalmente em expansão da rede.
“Apesar da alta alavancagem financeira, a Neoenergia possui flexibilidade estratégica, mantendo um cenário positivo a curto e médio prazo”, completa Brandalise.