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Eleições 2022: Veja quais ações sobem ou caem com Lula e Bolsonaro

Petrobras (PETR4) está descontada mesmo com risco Eleição; Entenda

Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert/Alan Santos

Com eleições batendo à porta, analistas divergem sobre o risco de comprar e vender ações em meio à volatilidade do período. Contudo, há dúvidas sobre quais setores saem ganhando com a eleição de algum dos candidatos.

Com uma bolsa em máxima histórica em 2021 por causa da alta do Ibovespa, há expectativa de que, caso Bolsonaro (PL) vença as eleições, bancos e commodities sigam em desempenho significantemente positivo.

Já para um eventual mandato de Lula (PT), há expectativa de que ações vinculadas ao varejo possam desempenhar melhor com uma agenda de maiores gastos com estímulo ao consumo – apesar de os planos do candidato ainda serem nebulosos.

Segundo Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, independente do cenário, o mais viável é manter uma fatia do portfólio dolarizado e ter caixa. Além disso, o especialista afirma que a pontuação do Ibovespa ainda não precificou o risco eleitoral.

“O momento é de ter caixa e de ter empresas com receita dolarizada, suportando a volatilidade e ver como ficará o endereçamento da agenda fiscal. Acho que o mercado ainda não precificou as eleições, principalmente por conta das incertezas fiscais”, comenta.

Segundo o especialista, em um cenário com Lula eleito, juros seriam maiores e o dólar poderia disparar, sendo favorável a exportadoras e possivelmente a algumas empresas de commodities com empresas dolarizadas. “De uma forma geral, empresas sem tanta exposição ao mercado interno”, afirma.

Já para o mandato fiscal, ele estima uma possível “volta do fiscalismo”, favorecendo a construção, o agronegócio e empresas mais resilientes ao cenário eleitoral de um modo geral.

Alguns especialistas apontam uma alta em qualquer um dos dois cenários, mas com algumas diferenças. Claudio Delbrueck, da sócio-fundador da Solana Capital, disse em evento recente que ‘estatais e bancos se beneficiam‘ de uma continuidade do governo atual.

“Obviamente essa potencial alta vai depender muito do mercado externo. Mas, olhando no mercado doméstico, apesar de acreditarmos que a Bolsa vá subir nos dois cenários [com Lula ou Bolsonaro], a dinâmica dessa alta vai ser bem diferente. Se o Bolsonaro for eleito, vai ser uma continuidade da política atual”, comenta.

No entanto, Delbrueck destaca que, com Lula e uma eventual política de Estado como indutor do crescimento, o Banco do Brasil (BBAS3) pode ser utilizado para financiamento de operações, assim prejudicando a concorrência e o setor de um modo geral.

“Se lembrar do governo do PT e mesmo se olhar o programa do partido, o Estado é o indutor do crescimento – eles falam abertamente sobre isso. Se o Estado é o indutor do crescimento, principalmente na parte de crédito, vão usar Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal, para oferecer mais crédito. Isso acaba sendo muitas vezes uma competição desleal com os bancos privados. Num governo do PT, o cenário para os bancos não é tão positivo quanto numa renovação do governo Bolsonaro”, acrescenta Delbrueck.

Banco do Brasil está ‘blindado’ das eleições

Apesar do temor de uma eventual interferência nas estatais, à revelia das normativas aprovadas antes do governo Bolsonaro, a Genial Investimentos diz que as ações do Banco do Brasil seguem com uma saúde financeira positiva.

“Por muitos anos, o banco rodou com uma rentabilidade bem abaixo de seus rivais incumbentes de quase 10 pp de diferença. Hoje, o banco está mais capitalizado, com menor inadimplência e mais provisionado (alto índice de cobertura) que a média de seus rivais”, dizem os analistas.

“ROE de 20% veio para ficar”, concluem.

A XP, da mesma forma, mantém recomendação de compra para os papéis, citando o risco eleitoral, mas destacando os múltiplos atratvios e projetando alta de dividendos.

“O primeiro semestre de 2022 foi bastante positivo para os bancos, culminando com uma série de revisões para cima dos guidances. Para 2023, mantemos visão positiva, apesar de vermos aumento das preocupações com os níveis de inadimplência. Seguimos monitorando eventuais intervenções regulatórias, assim como a possibilidade de acirramento da competição no setor. Entretanto, não esperamos que estes aspectos afetem a dinâmica positiva de curto prazo em curso no mercado de crédito”, diz a XP sobre o Banco do Brasil.

Os analistas da Genial, por sua vez, recomendam a compra dos papéis mais fortemente em um cenário da vitória de Bolsonaro nas eleições.

“O BB vem consistentemente melhorando sua rentabilidade nos últimos anos. Isso significa um Retorno sobre Patrimônio (ROE) no patamar de 20% e crescimento de lucro acima de 10% na comparação anual. Depois de muitos anos rodando com um ROE e capital bem abaixo de seus pares, a melhora operacional finalmente o colocou na mesma liga dos bancos privados em níveis de rentabilidade”, dizem os analistas.

Petrobras: especialistas temem interferência de Lula

Da mesma forma, analistas da genial recomendam a petroleira mais fortemente em um caso da manutenção do governo atual, dada a melhora da saúde financeira da empresa durante a gestão atual.

“Nosso viés positivo em relação à Petrobrás em caso de reeleição do atual governo diz respeito à manutenção da atual estratégia corporativa da empresa (foco no pré-sal, produtividade e desinvestimento de ativos não-estratégicos), que deveria remunerar o acionista de maneira expressiva via dividendos”, avaliam.

Outras empresas recomendadas pela casa em um eventual segundo mandato de Bolsonaro são a Multiplan (MULT3) e as Lojas Americanas (AMER3).

Já em um eventual governo Lula, recomendam:

Vale lembrar que, no caso de Lula, alguns especialistas ainda temem uma interferência direta na Petrobras, com maior endividamento e investimentos pesados em refino – diametralmente o oposto da condução atual.

“Não temos na carteira hoje. Achamos que ficou muito ‘binário’ o caso. O Lula tem tido como porta-voz para falar sobre a Petrobras o [José Sérgio] Gabrielli, que é ex-presidente da companhia. Os mais antigos, como eu, sabem que [a gestão de Gabrielli] traumatizou muita gente do mercado. E agora ele tem coragem de vir com o mesmo discurso. A questão é a alocação de capital. A Petrobras alocou muito mal o capital durante a sua história”, disse recentemente o gestor Luiz Guerra, que é responsável pelos fundos da Logos Capital, ao Almoço com Gestor, quadro semanal do YouTube do Suno Notícias.

“O discurso de Lula é de investir mais em refino. As refinarias investidas pelo governo do PT [Partido dos Trabalhadores] foram investimentos absolutamente horrorosos. Abreu e Lima foi a maior delas, com bilhões de dólares desperdiçados, sendo inclusive uma parceria com o governo venezuelano”, acrescentou, sobre o impacto das eleições no cenário de ações.

Na visão do especialista, a manutenção do governo atual faria melhor à estatal, aumentando eventuais chances de privatização.

“O Bolsonaro tem falado em privatizar. Esse tem sido visto como o caminho mais correto por nós e pelo mercado. A possibilidade, na verdade, é ingrata e é difícil, porque a empresa é uma gigante do setor. Se você fatiar a empresa, estruturar, acho que consegue [realizar a privatização da Petrobras]. Se você vender refino, inclusive, acaba com a interferência política”, disse.

Veja ações com maiores retornos sob Lula e Bolsonaro

Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, petroleiras, bancos e empresas do segmento elétrico e agrícola estão dentre as que tiveram maior retorno.

Já nos mandatos de Lula, mineradoras, varejistas e empresas de telecomunicações aparecem dentre as que tiveram maiores retornos, segundo levantamento do TradeMap.

Maiores retornos durante o governo Bolsonaro:

Maiores retornos durante o primeiro mandato de Lula:

Maiores retornos durante o segundo mandato de Lula:

Os dados compilados pelo TradeMap consideram as ações que faziam parte do Ibovespa ao final de cada governo, e desconsideram o período das eleições, trazendo um recorte exato dos quatro anos de mandato.

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