EDP Brasil (ENBR3): O que fazer com as ações após oferta para empresa sair da bolsa?
Nesta semana, mais uma oferta pública de aquisição (OPA) movimentou o mercado, com o comunicado oficial de que a EDP pretende fazer uma oferta para adquirir 100% do capital da EDP Brasil (ENBR3) e tirá-la da bolsa de valores.
A oferta seria de R$ 24 por ação, representando um prêmio de cerca de 22% ante o preço de fechamento do dia que precedeu a divulgação da oferta da EDP.
Caso a oferta seja formalizada, dois terços dos acionistas minoritários precisam aceitar vender suas ações para que a OPA da EDP Brasil se concretize.
Para os especialistas da Suno, apesar de R$ 24 não ser o preço ideal (target price), a oferta tende a ser atrativa no momento.
Vale a pena aderir à OPA e vender ações da ENBR3?
Bernard Viero, Analista CNPI da Suno Research, explica que, no momento atual, a adesão à OPA – vendendo os papéis ENBR3 – pode ser uma oportunidade para rotacionar o portfólio e comprar outras empresas que estão em patamares relativamente atrativos.
“Obviamente nós temos um preço-justo para um ativo que faz parte da nossa carteira, mas sempre analisamos as ações no relativo. Se eu tenho oportunidade de sair de um ativo a R$ 24 e hipoteticamente o preço-justo dele é R$ 30, mas ao mesmo tempo tem outro ativo que tem um upside maior, posso me aproveitar dessa oferta para comprar outros ativos até do mesmo setor em um patamar de preço mais atrativo”, defende.
O especialista ressalta que os R$ 24 oferecidos pelo controlador representam a cotação mais alta da história da EDP Brasil em cerca de 20 anos como empresa pública listada.
Além disso, outras empresas do setor elétrico estão no patamar de cotação mínima dos últimos 12 meses.
Tiago Reis: ‘Vender ações da EDP é oportunidade para comprar elétricas mais baratas’
Endossando as falas de Viero, o Chairman da Suno Research, Tiago Reis, reiterou que a oportunidade de rotação de portfólio é atrativa e que trocar as ações da EDP Brasil é uma boa decisão, apesar de não ser algo usualmente recomendado pelos analistas da casa.
Além disso, respondendo um espectador que disse ‘gostar que a oferta fosse a R$ 27’, explicou que o cenário ainda é positivo.
“Eu também gostaria que a oferta fosse a R$ 27. Mas do R$ 24 a R$ 27 você tem uma alta de 12%. Você consegue comprar Copel (CPLE6), Engie (EGIE3) ou até Eletrobras (ELET3). É uma chance de girar a carteira. Não é muito o perfil da Suno, mas acho que é uma chance para quem é acionista trocar as ações da EDP Brasil por empresas com indicadores e múltiplos melhores”, analisa.
“Os recursos são escassos. As pessoas tem que escolher alocar o capital. A Energias do Brasil está em uma oferta que coloca a ação no preço mais alto da sua história, ao passo que o Ibovespa gira em torno dos 100 mil pontos e várias empresas do setor elétrico, algumas com indicadores até melhor do que a EDP Brasil, estão na mínima dos 6 ou 12 meses”, completa.
Reis também aproveitou a oportunidade para destacar que os últimos dividendos da EDP, anunciados em meados de dezembro, serão pagos independentemente da OPA.
O que disse o CEO da EDP
Em coletiva após a publicação dos resultados da EDP e a notícia da oferta pela EDP Brasil, o CEO da controladora foi enfático em dizer que considera os negócios no Brasil atrativos, e que a oferta visa simplificar a gestão e expansão da empresa.
“Acho que o nosso comprometimento é muito grande com o Brasil. Já passamos por muitos e muitos ciclos e continuamos vendo boas perspectivas de crescimento. Essa é a maior evidência que estamos apostando nos ativos no Brasil”, disse o CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, durante o EDP Capital Markets Day.
O Suno Notícias acompanhou o evento realizado nesta quinta-feira (2). Mais detalhes sobre as falas do CEO da EDP estão disponíveis aqui.