EDP (ENBR3): Conselho aprova saída da bolsa em OPA do controlador
O Conselho de Administração da Energias do Brasil, ou EDP (ENBR3), recomendou a aceitação da oferta pública para a aquisição de até a totalidade das ações de emissão da companhia (OPA), que foi feita há meses e deve tirar as ações da bolsa.
A OPA da EDP foi feita pela controladora da empresa, a Energias de Portugal. O Suno Notícias esteve na conferência acerca tema à época, e você pode conferir mais detalhes sobre a transação aqui.
Com a oferta, a EDP deve ter o cancelamento de ações na categoria A e conversão para B, além de deixar a listagem no Novo Mercado da Bolsa.
O preço da Oferta da EDP deve ser de R$ 23,73 por ação ENBR3, que será pago à vista.
EDP já tem data para sair da bolsa
Ainda no fim de maio, em fato relevante, a companhia elétrica comunicou, no âmbito da oferta pública para aquisição de ações (OPA) da companhia, que a CVM deferiu o pedido de registro de OPA.
Com isso, o leilão de ações que deve retirar a EDP da bolsa deve ocorrer no próximo dia 11 de julho.
Foi disponibilizado o edital da oferta, que contém informações detalhadas sobre o procedimento e a data de realização do leilão.
O valor da operação poderá chegar a R$ 5,7 bilhões, resultado de uma aquisição de até 240.868.465 ações, ou 41,45% do capital social total e votante da companhia. Serão R$ 23,73 por ação.
A EDP explicou que esse preço já se encontra ajustado pela declaração de dividendos no valor de R$ 152,5 milhões equivalente a R$ 0,269366954 por ação, conforme aprovado em Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da companhia.
Entenda por que a EDP Brasil fez brilhar os olhos de CEO português
A EDP movimentou o mercado em março ao realizar a oferta para fechar o capital da EDP Brasil a R$ 24 por ação, representando um prêmio de 22% em relação ao preço de fechamento da véspera.
A visão da gestão é de que a operação da EDP no Brasil é atrativa e que ‘o melhor que a controladora pode fazer é simplesmente comprar’.
No acumulado de 2022, o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da operação da rede elétrica no Brasil representou € 615 milhões, ante € 427 milhões vistos no ano anterior.
Com isso, dentro da operação elétrica da companhia, o Ebitda gerado pela EDP Brasil ultrapassou os € 533 milhões gerados pela operação portuguesa – que ficou estável e próxima dos € 530 milhões.
Durante o EDP Capital Markets Day o CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, foi enfático em dizer que ‘não há dúvidas de que a empresa quer se manter operando no Brasil’.
“Acho que o nosso comprometimento é muito grande com o Brasil. Já passamos por muitos e muitos ciclos e continuamos vendo boas perspectivas de crescimento. Essa é a maior evidência que estamos apostando nos ativos no Brasil”, disse.
A controladora de Portugal deve manter a presença no Brasil e, ao fechar o capital da EDP Brasil, realizar mudanças de portfólio.
Segundo o CEO, o foco será mais em alterar o mix de portfólio do que efetivamente a exposição ao Brasil em si.
“Sobre o Brasil, acho que não há ambiguidade em nossa posição. Temos compromisso com o país há muitos anos. Estamos vendendo uma central de carvão e vendemos uma central hídrica no ano passado, e eventualmente venderemos alguns ativos no Brasil. Faremos uma concentração do portfólio focando em renováveis, redes e clientes, e com certeza continuaremos no país”, disse.
Além disso, durante a coletiva de imprensa, Miguel destacou que a rentabilidade futura é promissora e que a EDP está levantando capital junto a investidores internacionais – incluindo o Fundo Soberano de Cingapura – para fechar o negócio.
O que fazer com as ações ENBR3 após oferta para empresa sair da bolsa?
Com a oferta formalizada, dois terços dos acionistas minoritários precisam aceitar vender suas ações para que a OPA da EDP Brasil se concretize.
Para os especialistas da Suno, apesar de R$ 24 não ser o preço ideal (target price), a oferta tende a ser atrativa no momento.
Bernard Viero, Analista CNPI da Suno Research, explica que, no momento atual, a adesão à OPA – vendendo os papéis ENBR3 – pode ser uma oportunidade para rotacionar o portfólio e comprar outras empresas que estão em patamares relativamente atrativos.
“Obviamente nós temos um preço-justo para um ativo que faz parte da nossa carteira, mas sempre analisamos as ações no relativo. Se eu tenho oportunidade de sair de um ativo a R$ 24 e hipoteticamente o preço-justo dele é R$ 30, mas ao mesmo tempo tem outro ativo que tem um upside maior, posso me aproveitar dessa oferta para comprar outros ativos até do mesmo setor em um patamar de preço mais atrativo”, defende.
O especialista ressalta que os R$ 24 oferecidos pelo controlador representam a cotação mais alta da história da EDP Brasil em cerca de 20 anos como empresa pública listada.
Além disso, outras empresas do setor elétrico estão no patamar de cotação mínima dos últimos 12 meses.
Endossando as falas de Viero, o Chairman da Suno Research, Tiago Reis, reiterou que a oportunidade de rotação de portfólio é atrativa e que trocar as ações da EDP Brasil é uma boa decisão, apesar de não ser algo usualmente recomendado pelos analistas da casa.
Além disso, respondendo um espectador que disse ‘gostar que a oferta fosse a R$ 27’, explicou que o cenário ainda é positivo.
“Eu também gostaria que a oferta fosse a R$ 27. Mas do R$ 24 a R$ 27 você tem uma alta de 12%. Você consegue comprar Copel (CPLE6), Engie (EGIE3) ou até Eletrobras (ELET3). É uma chance de girar a carteira. Não é muito o perfil da Suno, mas acho que é uma chance para quem é acionista trocar as ações da EDP Brasil por empresas com indicadores e múltiplos melhores”, analisa.
“Os recursos são escassos. As pessoas tem que escolher alocar o capital. A EDP está em uma oferta que coloca a ação no preço mais alto da sua história, ao passo que o Ibovespa gira em torno dos 100 mil pontos e várias empresas do setor elétrico, algumas com indicadores até melhor do que a EDP Brasil, estão na mínima dos 6 ou 12 meses”, completa.