Empresa com segundo maior peso no Ibovespa, a Petrobras (PETR4) não está apenas no radar dos pequenos e grandes investidores. Faz parte também do portfólio de diversos fundos de investimento. Gestoras como Opportunity, Funcef, Alaska e BB Asset Management são algumas das que aplicam altos montantes de seus cotistas nos papéis da petroleira. Mas será que esses fundos exercem alguma influência na companhia? Qual é a estratégia deles para investirem na estatal?
Segundo dados da Economatica, os cinco fundos com maior participação na Petrobras (PETR4) detêm, juntos, cerca de R$ 1,33 bilhão em ações da companhia. Só o Opportunity Capital FIA, líder dessa lista, tem cerca de R$ 515 milhões em papéis da petroleira na sua carteira. Apesar do alto montante, gestores não creem que esses fundos consigam exercer influência nas tomadas de decisão da empresa.
“Desconheço uma atuação de cada um desses fundos de investimento isoladamente como grandes players na Petrobras. Talvez eles se juntem para formar um bloco afim de indicar conselheiros, coisas desse tipo”, afirma Vitor Duarte, CIO da Suno Asset.
“O fundo precisaria ter uma representatividade muito grande de ações para influenciar em uma empresa tão grande. Empresas desse porte complicam, então acredito que nenhum desses fundos possua lugar no conselho. Isso é mais comum de acontecer em empresas menores, com menos ações em circulação”, completa Mayara Ranni Sekertzis, head de fundos e previdência da Manchester Investimentos.
Naturalmente, cada um desses fundos da Petrobras têm visões e estratégias diferentes. O Opportunity Capital FIA, líder da lista, por exemplo, tem em sua carteiras outras ações como Bradesco (BBDC4), Vale (VALE3), Vivara (VIVA3) e SmartFit (SMFT). Já o BB Ações Petrobras FI, que aparece na quarta colocação, possui apenas ações da petroleira no portfólio.
“No BB, é um caso de decisão do cliente. Ele quer aplicar em Petrobras, coloca seu dinheiro no fundo e o fundo compra Petrobras. É uma participação passiva. Já no caso do Alaska Black Master FIA BDR Nível I, terceiro dessa lista, a decisão de investimento é do gestor, não do cliente”, comenta Vitor Duarte. “A maior parte dos gestores de renda variável tomam decisões a partir de modelagens financeiras próprias, buscando estimar a TIR (taxa interna de retorno) dos fluxos de caixa das companhias investidas. Projetam o crescimento da empresa no tempo e trazem à valor presente descontando uma taxa de juros. Isso mostra se aquela empresa está cara, barata ou no seu valor justo de mercado”, afirma Mayara.
Petrobras: oportunidade de ganho sobre o risco
Mas se todos esses fundos têm o investimento em Petrobras (PETR4) como denominador comum, é também natural que haja algumas semelhanças entre os racionais desses gestores.
“Gestores de fundos que têm Petrobras em seus ativos costumam comentar sobre um prêmio de risco elevado. Significa que apesar do risco de ser uma estatal e algumas questões controversas que decorrem disso, quando esses gestores avaliam o preço do ativo em si, chegam à conclusão de que a oportunidade de ganho compensa o risco do papel”, explica Mayara.
Quem também crê nessa oportunidade de ganho é o investidor Juca Abdalla. Em agosto, por exemplo, o bilionário comprou mais de 2 milhões de ações ordinárias da Petrobras (PETR3), em duas operações que movimentaram mais de R$ 68,4 milhões. Diferentemente dos fundos citados anteriormente, Juca tem influência garantida na companhia. É membro do conselho de administração desde abril de 2022 e detém cerca de 2% do capital social da Petrobras.
“O Juca Abdalla está bem próximo à empresa, e se ele faz uma aquisição desse tamanho, deixa claro que na visão dele os papéis estão baratos. Na visão da Suno Asset, também. Do ponto de vista de receita e resultado da empresa, parece uma oportunidade, apesar dos riscos políticos”, diz Vitor Duarte.
João Mamade, co-gestor de renda variável da AZ Quest e um dos responsáveis pelo fundo AZ Quest Small Mid Caps FIC FIA explica mais sobre os riscos políticos envolvidos no papel e reitera sua percepção positiva sobre Petrobras (PETR4).
“O risco político é o do governo segurar o preço e não fazer os reajustes. O repasse do preço, com certeza, ajuda no aumento dos dividendos da empresa. Mas de qualquer forma a Petrobras vai continuar pagando dividendos, como sugere a nova política de preços, e a AZ Quest também acredita em dividendos extraordinários. Ainda há muito espaço para o papel da Petrobras performar, com um upside de 25% a 30%”, afirma, em entrevista ao Suno Notícias, no quadro Gestão Ativa.