A Legacy Capital reduziu suas posições aplicadas em renda fixa diante do cenário de aperto monetário nos Estados Unidos, com o Federal Reserve apontando que pode voltar a elevar os juros básicos da economia americana caso a inflação permaneça resiliente.
A gestora de fundos divulgou hoje sua carta mensal aos cotistas referente ao mês de setembro, na qual afirmou que cenário favorece a inclinação da curva de juros nos EUA, posição que vai buscar reestabelecer.
“O mês de setembro foi marcado por forte abertura da curva de juros nos EUA, motivada pela resiliência continuada daquela economia, pelo forte ritmo de emissões de títulos do tesouro, e exacerbada pela decisão do Fed de sinalizar a manutenção de um nível mais elevado de juros à frente”, diz o relatório.
Ainda segundo a gestora, a pressão sobre os juros reais nos EUA impactou todas as classes de ativos, em especial as curvas de juros de praticamente todos os demais países. Paralelamente, o preço do petróleo seguiu em forte alta, pressionado pela restrição de oferta imposta pela Rússia e Arábia Saudita.
No que diz respeito ao câmbio, a asset afirmou que as moedas sofreram menos do que as curvas de juros ao longo das últimas semanas, tornando atrativas posições aplicadas em juros combinadas à compra de dólar.
Legacy: surpresa positiva com o PIB
Sobre a economia brasileira, o documento citou a surpresa positiva no PIB do segundo trimestre e afirmou esperar uma acomodação no terceiro tri.
“Mantemos a posição liquidamente comprada em bolsa local, tendo em vista o preço favorável”, diz parte do documento.
“Os segmentos mais sensíveis a juros do crédito às famílias mostram desaceleração, assim como o mercado de trabalho, que registrou, em agosto, leve recuo da ocupação, ainda que a taxa de desemprego prossiga estável, próxima às mínimas. Também o crescimento da renda mostra sinais de acomodação, com a inflação evoluindo de forma favorável”, seguiu.
A projeção da asset é de IPCA de 4,5% em 2023, dentro da meta, e de 3,7% em 2024. No plano fiscal, o documento diz que a agenda de arrecadação do governo deve avançar junto ao Congresso nas próximas semanas, o que deve contribuir para reforçar o compromisso do executivo com as metas estabelecidas.
Por fim, a carta da Legacy diz que as condições domésticas seguem compatíveis com a continuidade da queda de juros. A aceleração para um ritmo de corte superior ao atual dependerá de sinais mais concretos de perda de ritmo da atividade econômica e do comportamento da curva de juros nos EUA.