Após o início do ciclo de cortes da taxa Selic, o mercado tinha expectativas positivas com a Bolsa de Valores. Porém, a queda dos juros não foi suficiente para dar mais fôlego ao mercado. Mesmo com a Selic saindo de 13,75% para 12,75%, o índice Ibovespa caiu 6,57% de agosto até esta última quinta-feira (5).
O Suno Notícias conversou com João Mamede, co-gestor de renda variável da AZ Quest e responsável pelo fundo AZ Quest Small Mid Caps FIC FIA. Em sua visão, “a volatilidade do mercado nas últimas semanas tem mais a ver com o mercado externo do que com o interno”.
O aperto monetário nos Estados Unidos afetou grande parte do mercado financeiro, incluindo países emergentes como o Brasil. Por lá, “isso acontece porque o Banco Central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), não deixou claro se o atual nível da taxa de juros vai ser mantido”, comenta Mamede.
Neste caso, o Fed manteve a taxa de juros em 5,25% a 5,50%, o maior patamar desde 2001. Pior do que isso, foram as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, que deixou a porta aberta para futuras altas nas taxas de juros nos EUA.
O gestor da AZ Quest acredita que “aumentar em mais 0,25% os juros nos EUA é uma possibilidade. Essa decisão depende dos próximos dados de mercado de trabalho e inflação”.
O exterior traz incertezas ao cenário doméstico, afetando o Ibovespa
No geral, esse cenário mexe com o mercado de juros, favorecendo a alta do dólar. Após chegar ao patamar de R$ 4,72 em julho, o dólar comercial é cotado atualmente em R$ 5,15, uma alta de 9,2%. Esse cenário também explica a queda do Ibovespa nas últimas semanas.
No Brasil, a situação fiscal voltou a ser uma preocupação. O gestor da AZ Quest acredita que, com essa maior deterioração do contexto externo, o problema fica mais latente.
“A gente entende que nada ou muito pouco mudou do lado doméstico, mas o cenário externo nos faz olhar para questões que estressam o mercado, como o fiscal”, comenta.
Porém, a AZ Quest entende que, para frente, a volatilidade vai diminuir um pouco, principalmente quando o panorama externo melhorar. Quando isso acontecer, haverá espaço para a bolsa performar bem.
“A gente não tem formalmente um alvo para o Ibovespa, mas não é exagero a bolsa chegar a 125 mil ou até 130 mil pontos até o final de 2023”, finaliza com otimismo o gestor.
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