Economia do Brasil vive ‘tempestade perfeita’ e deve desacelerar até 2022

Inflação e juros em alta, desemprego, dólar caro, crise hídrica, conflitos institucionais, atropelo nas votações de projetos do Congresso e novos riscos fiscais. A “tempestade perfeita” dos últimos dias obrigou economistas e investidores a reverem suas estimativas para o crescimento da economia do Brasil no próximo.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Planilha-controle-de-gastos.png

Com isso, a perspectiva para a economia do Brasil hoje voltou ao mesmo patamar baixo e comum dos anos pré-pandemia, abaixo de 2%. Enquanto a população sente os efeitos desta deterioração no bolso e reclama da alta dos preços do gás de cozinha, da gasolina, da conta de luz e dos alimentos, o mercado parece estar caindo na real.

A aceleração da inflação está obrigando o Banco Central a ser mais duro na alta dos juros e esfriar a economia, comprometendo o crescimento do PIB em 2022. O cenário internacional também ficou menos favorável.

Na última semana, a expectativa de que o Fed retire os estímulos à economia dos EUA mais rapidamente fez com que as bolsas internacionais vivessem dias de aversão ao risco. Mas o agravamento da situação da pandemia nos Estados Unidos, com alta transmissão da variante Delta, reverteu o medo do tapering, mas trouxe de volta o medo pela recuperação econômica diminuir.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

No front doméstico brasileiro, a crise política entre os poderes se acirra, elevando a percepção de risco de populismo eleitoral do presidente. Entretanto, a tentativa de Bolsonaro de recuperar a popularidade e chegar em 2022 com chances de se reeleger compromete a economia do Brasil pelo risco fiscal de comprometer as finanças públicas.

Os riscos à economia do Brasil pelos especialistas

“Podemos ter um momento melhor no curto prazo, um ano um pouco melhor, mas a perspectiva é de um País medíocre”, diz o presidente do Insper, Marcos Lisboa.

Lisboa se diz assustado com a tramitação dos projetos no Congresso: a reforma do IR e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de parcelamentos do precatórios – dívidas judiciais que a União é obrigada pela Justiça a quitar.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/Ebook-Acoes-Desktop-1.jpg

A aprovação desses projetos é chave para Bolsonaro porque, sem eles, será mais difícil para o governo anunciar um benefício elevado do novo Bolsa Família sem mudar as regras fiscais que visam proteger a economia brasileira.

“O governo faz grandes anúncios e, quando se vai ler os projetos, eles decepcionam e, em muitos casos, assustam pelo conteúdo”, diz Lisboa.

A PEC dos precatórios reabriu a discussão sobre a quebra do teto de gastos (regra que controla a alta das despesas) e trouxe de volta o fantasma da contabilidade criativa nas contas públicas, que derrubou a presidente Dilma Roussef em 2014.

Para o consultor do Senado, Leonardo Ribeiro, a PEC promove uma triangulação financeira para abrir espaço no teto de gastos. “Esse triângulo se assemelha às pedaladas fiscais desenhadas pelo ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, do governo Dilma”, diz ele.

De acordo com Ribeiro, o melhor para a economia do Brasil é retirar o precatório do teto com medidas adicionais de controle dessas despesas.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Controle-de-Investimentos.png

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Monique Lima

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno