A sustentabilidade das contas públicas e a manutenção da meta de resultado primário do Brasil estarão no centro das atenções do mercado em 2024, e um afrouxamento do compromisso do governo com o controle de gastos traria efeitos negativos para a economia do País, afirmou Todd Martinez, codiretor da equipe de ratings soberanos para as Américas da Fitch.
“A dívida do Brasil está crescendo e não há trajetória clara de estabilização”, disse ele, durante o evento Perspectivas de Crédito para 2024, promovido pela agência de classificação de risco.
Segundo ele, embora o governo esteja avançando com os planos de aumentar a arrecadação de impostos e equilibrar as contas públicas, aprovando uma série de medidas neste sentido em 2023, ainda não se sabe se a arrecadação efetivamente aumentará no ritmo esperado.
Se houver frustração neste aspecto, o foco deve se deslocar para a fiscal deste ano, de déficit primário zero.
Martinez lembra que se a meta for descumprida o governo terá de reduzir despesas, mas aponta que “há pressão no governo para mexer na meta e evitar cortar gastos”, assim como para aproveitar espaços na regra fiscal e reduzir a necessidade de diminuir despesas.
O afrouxamento da meta fiscal, porém, “pode colocar dúvida em relação à trajetória da dívida e pressão nos juros”, assim como deixar menos margem para o Brasil lidar com um cenário eventual de crescimento menor nos próximos anos.
Com Estadão Conteúdo