A Dotz (DOTZ3), empresa de fidelidade, interrompeu sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A decisão foi comunicada nesta quinta-feira (13), dia em que iria estrear na B3. Segundo a companhia, o parecer foi tomado “tendo em vista a deterioração da atual conjuntura do mercado de capitais brasileiro”.
A companhia solicitou uma interrupção de 60 dias da abertura de capital, a ser contada a partir da última quarta-feira (12). A Dotz disse que irá informar o mercado e potenciais investidores caso a oferta seja retomada. A empresa engrossa a lista de desistências, que já conta com cerca de 30 nomes neste ano — mais do que todo 2020.
Segundo o Brazil Journal, o fundo japonês SoftBank se comprometeu em colocar R$ 100 milhões no IPO da Dotz. A entrada do fundo na operação ajudaria a companhia a confirmar sua oferta, que teve sua continuidade questionada pela volatilidade do mercado nos últimos dias.
Não foi suficiente. Embora o book estivesse completo, ou seja, com demanda suficiente para concluir a operação, os acionistas controladores entenderam que não faria sentido listar as ações neste momento. Os papéis foram precificados a R$ 14,70, abaixo da faixa indicativa inicial, que ia de R$ 16,20 a R$ 21,40.
De acordo com a Exame, a empresa optará para uma oferta restrita, com base na Instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), oferecendo as ações inicialmente apenas para investidores profissionais. Roberto e Alexandre Chade, irmãos e fundadores da Dotz, devem procurar um valuation mais atrativo.
A empresa buscava movimentar cerca de R$ 700 milhões com a operação, com a venda de 38 milhões de ações primárias e 5,35 milhões de papéis na tranche secundária. A operação era coordenada por BTG Pactual (BPAC11), Itaú BBA, Credit Suisse e UBS BB.
Histórico da Dotz
A Dotz é uma empresa de programas de fidelidade brasileira e a criadora da “moeda digital” homônima, com três frentes de negócios, oferecidas por meio de uma plataforma proprietária:
- Fidelização, no modelo de coalizão (Loyalty);
- Disponibilização de soluções de tecnologia a instituições financeiras parceiras, as quais oferecem diferentes meios de pagamento e opções de crédito aos usuários da plataforma Dotz (TechFin);
- Comércio eletrônico (e-commerce), operacionalizado em uma plataforma de oferta de produtos e serviços de diversos parceiros (marketplace).
No fim do ano passado, a empresa possuía mais de 9 milhões de clientes ativos em sua plataforma de pontos e 1,9 milhão em sua marketplace.
A Dotz registrou uma queda de 12,7% na receita líquida em 2020 em comparação ao ano anterior, para R$ 111 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) da empresa no ano passado foi negativo em R$ 7,34 milhões.