Dólar sustenta alta em R$ 5,57 com ameaça de quebra do teto de gastos

O dólar sustenta sua alta nesta terça-feira (19), próximo da máxima de R$ 5,575, colocando o real na lanterna global de moedas. A disparada da moeda norte-americana é uma resposta do mercado ao agravamento da situação fiscal após o anúncio da intenção do governo de aumentar os gastos com programas sociais.

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Às 14:20, o dólar à vista subia 0,74%, cotado a R$ 5,561 na venda. Na B3 (B3SA3), o dólar futuro saltava 0,82%, a R$ 5,571, após alcançar R$ 5,584 na máxima do dia.

O Banco Central (BC) tentou aplacar a situação ao realizar o primeiro leilão de moeda spot desde março. Sendo que, na vespéra, o BC já tinha injetado US$ 1,2 bilhão via swaps.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Brasil está sendo reprecificado mediante sua capacidade de solvência, que se reduz à medida que Arthur Lira e Bolsonaro caminham para uma ampliação do déficit fiscal.

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O mercado não digere bem a  notícia de que o presidente planeja estender o Auxílio Emergencial até o final de 2022, para somar suas parcelas a do Auxílio Brasil e assim chegar a um benefício de R$ 400. Mas isso, furando o teto de gastos.

Piorou a situação a declaração do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em que ele expõe a opinião de que é mais válido extrapolar o limite de gastos com o programa social do que com a PEC dos Precatórios.

“Diga-se de passagem que pesa o fato de o teto ser contornado pelo Auxílio Emergencial e o Lira chancelar isso, impondo uma dicotomia entre responsabilidade fiscal e assistência social inexistente”, afirma Sanchez.

Reflexo nos juros de longo prazo

Nesta manhã, o real tinha o pior desempenho de uma lista de apenas quatro divisas que perdiam para o dólar. Outros 29 pares se valorizavam, alguns dos quais de perfil próximo ao da moeda brasileira, como peso mexicano (+0,4%) e rand sul-africano (+0,5%).

O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante seis moedas fortes, recuava 0,27% às 14:33, chegando aos 93,70 mil pontos.

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No início da tarde, o Juro de longo prazo do País subia mais de 40 pontos. Na curva, o mercado voltava a colocar fichas em aumentos da Selic superiores a 1 ponto percentual.

Sanchez ressalta que o avanço do juro sempre passa despercebido por políticos no curto prazo. “É difícil para eles saberem a relação em reais. Assim aponto que, apenas de ontem para agora, as falas e pretensões [de Bolsonaro e Lira] impulsionaram o juro e retiraram do PIB quase R$6 bilhões.

E acrescenta: “Esse montante faria uma grande diferença no social, dado que é o equivalente a 20% do orçamento anual do Bolsa Família.”

Última cotação do dólar

Na última sessão, segunda-feira (18), o dólar fechou em alta de 1,21%, frente ao real, valendo R$ 5,51 na venda.

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Monique Lima

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