O dólar à vista chegou a ultrapassar os R$ 5,53 na manhã desta sexta-feira (8), mas devolveu parte dos ganhos e opera entre perdas e ganhos no começo da tarde. A pressão decorre do aumento da demanda defensiva antes do final de semana, que antecede o feriado de terça-feira (12).
Às 14h41, o dólar comercial subia 0,30% frente ao real, valendo R$ 5,541 na venda. Já o dólar futuro, para novembro, operava perto da estabilidade, com queda de 0,05%, valendo R$ 5,536.
“Tem feriado na terça e muita gente não vai trabalhar na segunda. Por isso, alguns investidores estão zerando vendas intradia ou reforçando posições compradas para não passar os próximos dias descobertos, enquanto os mercados internacionais estarão funcionando”, observa Vanei Nagem, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos.
Mexe com o dólar hoje a divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos (payroll), que registrou 194 mil empregos em setembro, muito abaixo da estimativa dos especialistas de 500 mil. Entretanto, os números de agosto foram revistos para cima e a taxa de desemprego caiu de 5,2% para 4,8% em setembro.
O estrategista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, diz que, embora o payroll tenha vindo bem pior que as expectativas, a taxa de desemprego caiu, mostrando que menos pessoas perderam o emprego – uma condição colocada pelo Federal Reserve para dar início ao processo de retirada dos estímulos monetários (‘tapering‘) à economia dos EUA.
No exterior, o dólar também opera entre perdas e ganhos contra pares. O índice DXY, que avalia a moeda norte-americana contra uma cesta de seis divisas, tinha variação negativa de 0,05% às 14:12, aos 94,17 mil pontos.
Cenário interno
Nagem acrescenta que a semana está difícil para o real. “O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que iria agir quando precisasse, mas não fez leilão de oferta nova de dólar na semana, apenas operações de rolagem de vencimentos futuros de swap e de overhedge”, comenta.
Para Nagem, o BC deve estar retraído, observando que a inflação é um problema global e resiste em vender dólar novo. “A inflação sobe no mundo todo em razão da crise energética, problemas de entrega de insumos à indústria, que pressionam os preços e retardam a recuperação da atividade”, declarou.
Também fica no radar dos investidores o aumento da inflação medida pelo IPCA, que subiu 1,16% em setembro, abaixo da mediana esperada pelo mercado financeiro. A alta menor que o esperado apoia a queda dos juros futuros, pela percepção de um alívio na inflação na margem, mas que continua sob pressão.
“Quando se abre a leitura do IPCA, combustíveis e energia pressionaram o dado para cima, enquanto os preços de alimentos cederam no mês passado”, diz o estrategista do grupo Laatus. No Brasil, não faltam alimentos, mas o problema são os preços altos, complementou Nagem.
Cotação do dólar nesta quinta (7)
Na última sessão, quinta-feira (8), o dólar encerrou as negociações em alta de 0,57%, negociado a R$ 5,5155, maior patamar desde 20 de abril (5,5486 reais).
Com informações do Estadão Conteúdo.
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