Após uma manhã marcada por troca de sinais, o dólar à vista se firmou em alta ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e terminou a sessão desta sexta-feira na casa de R$ 4,90. Entre mínima a R$ 4,8638 e máxima a R$ 4,9079, ambas na primeira etapa de negócios, a moeda encerrou o pregão cotada em R$ 4,9041, avanço de 0,45%, acumulando ganhos de 0,59% na semana e de 3,69% em agosto.
Lá fora, a taxa do Treasury de 10 anos ganhou força ao longo da tarde e o índice DXY renovou máximas, com ganhos firmes na comparação com o euro. A moeda americana subiu em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as raras exceções, figurou o peso mexicano, impulsionado pela decisão ontem do Banco Central do México (Banxico) de manter a taxa básica do país em 11,25%.
Depois de alívio ontem com a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em linha com as expectativas, houve certo desconforto hoje com o índice de preços ao produtor (PPI) de julho acima do esperado. Monitoramento da CME mostrou leve redução das chances de manutenção da taxa básica americana em setembro, que voltaram a ficar abaixo de 90%. Há apostas de que, após nova pausa em setembro, o Federal Reserve volte a elevar os juros em novembro.
“Houve uma reação natural de alta do DXY e da cotação do dólar em relação a moedas emergentes após a inflação ao produtor vir acima do esperado. Tivemos nesta semana discursos divergentes de dirigentes do Fed e existe a possibilidade de nova alta dos juros”, afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac.
Por aqui, o IPCA de julho referendou a continuidade do processo de redução da taxa Selic pelo Banco Central, com parte do mercado de juros futuros reforçando apostas em aceleração do ritmo de queda, para 0,75 ponto porcentual. Após deflação de 0,08% em junho, o IPCA subiu 0,12% em julho, no teto do intervalo de estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de -,008% a 0,12%, com mediana de 0,06%. Houve, contudo, arrefecimento da média dos núcleos e dos setor de serviços, além diminuição do índice de difusão. Como esperado, a inflação acumulada em 12 meses acelerou de 3,16% para 3,99%.
A equipe de pesquisas do Goldman Sachs tem uma visão positiva para o real e peso colombiano. No caso da moeda brasileira, o banco americano acredita que o BC será cauteloso no ciclo de redução da taxa de juros, uma vez que a atividade mostra resiliência e a inflação acumulada em 12 meses aponta leve aceleração.
“Nossa perspectiva para a economia dos EUA permanece consistente com o cenário de pouso suave, o que deve beneficiar moedas emergentes pró-cíclicas que têm relativamente menos exposição à zona do euro e à China, como o real e o peso colombiano”, afirma o Goldman Sachs, para quem o tropeço das moedas emergentes neste início de mês pode ter sido motivado pela combinação de “preocupação com erosão maior do que a esperada do carry trade e riscos de piora da economia global em razão da China”. Os investidores de dólar estão de olho.
Com Estadão Conteúdo