O dólar está entre as moedas mais valorizadas do mundo, porque é seguro e estável, sustentando a forte economia dos Estados Unidos. Por essa razão, muitos investidores procuram na divisa a segurança para fazer a sua reserva de recursos.
O mercado a considera como uma opção de hedge, ou seja, de proteção de patrimônio. Mas será que vale a pena comprar dólar como reserva?
O responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, que atua há mais de 30 anos no mercado cambial, alerta que a compra da moeda é válida em uma carteira diversificada, mas dá três motivos para não fazer a reserva somente em dólar.
Pode-se investir em dólar como fundos cambiais, dólar futuro e ETFs. “Eu sou a favor de se ter uma diversificação, ou dispor de um pouquinho em dólar para quando você for viajar. Mas, no geral, o dólar é caro e não compensa fazer reserva”, diz ele.
Três motivos para não fazer reserva na moeda
O primeiro obstáculo é comprar a moeda. A pessoa precisa ir diretamente em uma instituição financeira para comprar dólares na cotação de turismo, que costuma ser mais cara do que a cotação comercial. Hoje a divisa está negociada a R$ 5,32 no mercado e R$ 5,56 no turismo.
Além disso, é preciso apresentar à instituição o Imposto de Renda para verificar a compatibilidade financeira e justificar uma compra, por exemplo, acima de US$ 3 mil, limite que a pessoa física pode adquirir.
Dessa forma, o investidor precisará comprar o dólar turismo, pagar o imposto sobre operações financeiras (IOF) no valor de 1,1% e depois prestar contas na hora do Imposto de Renda. Por esse motiv0, o mercado considera que adquirir a moeda é mais interessante para proteger parte do patrimônio do que para valorizá-lo.
“Se a pessoa quiser realmente ter sua reserva em dólar, compensa mais abrir conta no exterior e deixar o dinheiro lá fora. Pode render alguma coisinha, mesmo com a taxa de juros quase inexistente”, disse o responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimento.
Além disso, Vanei lista três motivos pelos quais a reserva em dólar pode não ser tão benéfica:
- Spread alto para pessoas físicas: ao comprar o dólar, será cobrado um spread bancário, que costuma ser bem alto;
- Juros altos: com a alta da Selic, os juros brasileiros estão voltando a ser atrativos e logo compensará mais deixar o dinheiro da reserva com o retorno dos juros do que comprar dólar;
- Investimento de altíssimo risco: a taxa cambial é muito volátil — chega a cair 5% em um dia. Em um momento está cotada a R$ 6 e, em outro, a R$ 4,70.
“O risco cambial é muito forte. Em 30 anos no mercado, vi poucas pessoas físicas ganharem dinheiro em dólar. Porque normalmente ninguém aguenta quando o dólar começa cair. Além disso, os juros estão subindo e com eles a inflação. Por isso dizemos que é um investimento de alto risco”, explica Vanei.
Confira outras 3 formas de investir em dólar
Existem formas mais rentáveis de se investir em dólar:
- Fundos Cambiais
Os fundos cambiais são tipos de investimento que aportam em ativos atrelados a moedas estrangeiras. Só não são indicados pelo mercado como forma de proteger recursos contra as flutuações fortes de moedas como o dólar.
As taxas de administração cobradas por esses fundos não costumam ser altas, pois seguem um determinado índice e não empregam um trabalho intenso de gestão.
- Dólar futuro
O dólar futuro é uma commodity financeira negociada na B3 (B3SA3). As negociações funcionam como um ativo e não consideram a cotação do dólar hoje, pois se tratam de contratos de compra ou venda em que se negocia o valor do dólar em uma data futura.
Para negociar é preciso ter valores altos: os minicontratos giram em torno de R$ 430 cada. Nos contratos cheios, os valores se aproximam de R$ 45.000,00, com lote mínimo de 5 contratos.
- Fundo multimercado
Os fundos multimercados operam em uma série de ativos como ações, commodities, juros e moedas. Nesse ativo, os especialistas analisam os melhores momentos para comprar e vender o dólar e outras moedas.