Dólar recua e tem a maior queda semestral desde 2016; veja cotação

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 30, em baixa de 1,19%, cotado a R$ 4,7896 no mercado doméstico de câmbio, em meio ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior e à repercussão positiva da decisão de ontem do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta de inflação em 3% para 2024, 2025 e 2026.

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Apesar de terminar a semana em leve alta (0,24%), o dólar à vista encerra o mês com desvalorização de 5,59% – a maior queda mensal da moeda dos EUA desde março do ano passado. No primeiro semestre, a divisa americana recuou 9,29%, a maior baixa semestral em sete anos, desde o primeiro semestre de 2016 (-18,93%). Embora tenha liderado os ganhos entre os pares latino-americanos no mês, o real ainda apresenta desempenho inferior ao dos pesos colombiano e mexicano em 2023.

O real apresentou hoje o melhor desempenho entre as principais divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o que é atribuído por analistas à diminuição tanto de riscos institucionais, quanto inflacionários com o desenlace da reunião do CMN.

Afora uma alta pontual nos primeiros minutos de negociação, o dólar à vista operou em baixa ao longo de todo o pregão, com renovação de mínimas à tarde, quando desceu até R$ 4,7838. O dia foi marcado pela tradicional disputa pela formação da última taxa ptax do mês – que, neste caso, representava também a taxa de fechamento do segundo trimestre e do primeiro semestre – e pela rolagem de posições no mercado futuro. O contrato de dólar futuro para agosto, que passa a ser o mais líquido, apresentou giro expressivo, superior a US$ 20 bilhões.

Dólar e a “percepção mais positiva” em relação ao Brasil

O economista Rafael Rondinelli, do banco Modal, atribui a apreciação do real ao longo de junho em grande parte a uma “percepção mais positiva” em relação ao país. Ele nota que houve diminuição de riscos relacionados à gestão da política monetária, processo coroado ontem pela decisão do CMN e por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de compromisso com o controle da inflação.

“A ata do Copom foi suave mostrando que o próximo passo é redução da Selic em agosto. Pode parecer estranho que queda de juros seja positiva para o câmbio. Mas, pensando no curto prazo, tende a trazer fluxo de dólares para aproveitar os prêmios ainda altos”, afirma Rondinelli, acrescentando que os resultados expressivos da balança comercial neste ano com a supersafra também favoreceram o real.

O primeiro semestre foi marcado pelo afastamento do risco de trajetória explosiva da dívida pública com o avanço do novo arcabouço fiscal no Congresso. A agenda de classificação de risco S&P Global mudou a perspectiva da nota de crédito brasileira de estável para positiva. Além disso, o economista do Modal lembra que o Tesouro voltou ao mercado internacional em abril, com captação de US$ 2,25 bilhões. Nesta semana, a Petrobras captou US$ 1,25 bilhão em bonds de 10 anos.

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Para onde vai o dólar

Rondinelli vê o dólar provavelmente entre R$ 4,75 e R$ 4,80 no curto prazo, com apetite ainda por operações de carry trade – que exploram diferencial de juros entre países. Ao longo do segundo semestre, o real pode perde parte de seu apelo, dada a combinação de queda da taxa Selic e possível aumento adicional dos juros nos EUA. “O dólar deve voltar a patamares mais próximos de R$ 5,00 e R$ 5,10 no fim do ano. Outras moedas latino-americanas também devem perder um pouco de fôlego nos próximos meses”, diz o economista do Modal.

Lá fora, o índice DXY operou em baixa firme e voltou a romper o piso dos 103,000 pontos, com mínima aos 102,751 pontos. Após a surpresa com o resultado acima do esperado do PIB americano do primeiro trimestre reforçar apostas em mais altas de juros nos EUA, indicadores divulgados trouxeram certo alívio.

Medida de inflação preferida pelo Federal Reserve, o núcleo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% em maio, abaixo da projeção de analistas. A leitura anual do núcleo mostrou desaceleração de 4,7% para 4,6%. Além disso, pesquisa de sentimento do consumidor elaborada pela Universidade de Michigan trouxe queda nas expectativas de inflação.

“A decisão do CMN já estava puxando dólar para baixo. Com o dado de inflação nos EUA sugerindo que o Fed pode promove apenas mais uma alta dos juros, o dólar se enfraqueceu em relação a outras moedas, o que intensificou a queda aqui”, afirma o operador Gabriel Mota, da Manchester Investimentos.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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