Dólar recua com IGP-10 acima do esperado, após subir puxado por cautela lá fora
O dólar está oscilando entre margens estreitas frente o real. Há pouco, retomou queda moderada, após subir de forma pontual nos primeiros negócios, puxado pela valorização da moeda americana e dos juros dos Treasuries no exterior, enquanto os futuros de Nova York recuam e petróleo exibia alta leve, em manhã de volatilidade.
O dólar opera fraco ante o real sob impacto do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) acima das previsões do mercado. Mas há pano de fundo de cautela fiscal também diante do risco de que o governo tenha que arcar com uma despesa de cerca de R$ 25,5 bilhões neste ano por conta de medidas aprovadas no Congresso Nacional.
Às 11h30, o dólar hoje tinha viés de baixa de 0,45%, a R$ 4,67. O dólar futuro para maio caía 0,20%, a R$ 4,70.
“Iniciamos esta semana de feriado de Tiradentes (21), mais curta, mas também mais fraca de indicadores, chamando atenção a perda de dinamismo da China, o que pode azedar um pouco no mercado de commodities e nas ‘exportadoras'”, informou o relatório da Mirae Asset.
O indicador de preços local reforça a possibilidade de o BC vir a ter de esticar o ciclo de aperto da Selic, após a alta já contratada de 1,00 ponto, a 12,75% esperada para maio.
Também apoia as expectativas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento virtual do FMI à tarde (15h30), após falar na semana passada da surpresa com o IPCA de março – maior também do que as previsões dos economistas do mercado financeiro.
O megarreajuste de combustíveis nas refinarias anunciado pela Petrobras no dia 10 de março, com efeito a partir do dia 11, acelerou a inflação no atacado medida pelo IGP-10 de abril, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Houve ainda disseminação de aumentos de preços nos demais itens investigados. O IGP-10 passou de uma elevação de 1,18% em março para uma alta de 2,48% em abril. O índice acumula aumento de 7,63% no ano e avanço de 15,65% em 12 meses.
Mesmo diante das apostas de que o aperto monetário do Federal Reserve (Fed) seguirá com uma alta de 0,50 ponto porcentual no juro em maio, a perspectiva de um diferencial de juros interno e externo ainda favorável ao Brasil pode continuar limitando um correção do dólar ante o real, segundo operadores de câmbio.
Citado por Campos Neto, como um potencial atenuante no complicado cenário de inflação, o fortalecimento do real não é visto como bala de prata pelos economistas do mercado financeiro. As projeções para o dólar têm até caído, mas as estimativas para o IPCA – índice oficial de inflação – continuam na direção oposta.
Contas realizadas por algumas instituições mostram que nem mesmo replicar o patamar atual de R$ 4,70 colocaria a inflação próxima da meta, inclusive em 2023, que é o foco principal da política monetária.
Outros explicam que ainda é cedo para confiar que o dólar irá continuar nesse nível, sobretudo diante das incertezas eleitorais e da alta de juros nos Estados Unidos.
No exterior, o Kremlin acusou nesta segunda-feira a Ucrânia de mudar constantemente a sua postura quando se trata de questões que já foram acordadas nas negociações de paz. “Muitas vezes está mudando de posição e a tendência do processo de negociação deixa muito a desejar”, afirmou.
Último cotação do dólar
Na última sessão, quinta-feira (14), o dólar encerrou o pregão em alta de 0,16%, negociado a R$ 4,69.
(Com informações do Estadão Conteúdo)