Dólar pode entrar em colapso? Banco faz alerta após dívida dos EUA chegar a US$ 34 trilhões

A dívida pública dos Estados Unidos vem crescendo em um ritmo rápido nos últimos meses, aumentando quase cerca de US$ 1 bilhão a cada 100 dias. Atualmente, a dívida está em torno de quase US$ 34,4 bilhões. Para o Bank of America (BofA), o aumento da dívida é o principal risco de um colapso do dólar

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O estrategista de investimentos do Bank of America (BofA), Michael Hartnett, acredita que o padrão de crescimento da dívida dos EUA permanecerá, aumentando de US$ 34 trilhões para US$ 35 trilhões.

A dívida dos EUA atingiu US$ 32 trilhões em 15 de junho de 2023 e US$ 33 trilhões em 15 de setembro de 2023. Antes disso, o aumento de US$ 1 trilhão levava cerca de oito meses.

Hartnett afirma que as negociações sobre a dívida americana estão influenciando os mercados de investimentos alternativos da moeda tradicional (dólar). O ouro está sendo negociado a cerca de US$ 2.084 por onça, e o bitcoin a cerca de US$ 61.443. 

O estrategista também observa que os investimentos em fundos de criptomoedas estão crescendo rapidamente, com um total de US$ 44,7 bilhões investidos este ano até agora. Neste contexto, Hartnett prevê que os recém-criados fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista estão a caminho de um “ano de explosão”, em parte por causa do possível colapso do dólar americano.

O IBIT da BlackRock, um dos maiores ETFs de bitcoin, ultrapassou US$ 10 bilhões em ativos sob gestão, enquanto o FBTC da Fidelity arrecadou US$ 6 bilhões desde seu lançamento em janeiro, informa a Forbes. Esse crescimento levou a previsões ousadas de que o bitcoin poderia se tornar a “principal reserva de valor” do mundo, possivelmente superando o ouro nesse papel.

“Os bancos centrais do G7, incluindo, mais importante ainda, a Reserva Federal, não serão capazes de sair da política monetária não convencional de uma forma benigna e, em última análise, continuarão comprometidos com a expansão contínua do balanço do banco central, de uma forma ou de outra”, disse Christopher Wood, global chefe de estratégia de ações da Jefferies, chamando o bitcoin e o ouro de “hedges críticos” contra o retorno da inflação.

Neste contexto, a agência de risco Moody’s reduziu a sua perspectiva de classificação do governo dos EUA para negativa, de estável em novembro, devido aos riscos crescentes da política fiscal do país. “No contexto de taxas de juro mais elevadas, não está havendo medidas eficazes do governo para reduzir os gastos ou aumentar as receitas”, afirmou à agência. 

Dessa forma, analistas afirmam que há um risco de o governo imprimir mais dinheiro para cobrir sua dívida, podendo levar a um aumento da oferta de dólar, o que gera  inflação. A inflação, geralmente, reduz o valor da moeda local, como o dólar.

Existe ainda um risco de que os investidores e credores começarem a acreditar que o país não será capaz de pagar sua dívida, vendendo seus ativos denominados em dólares, levando a uma queda no valor da moeda.

“Essa falha em sair da política monetária não ortodoxa de maneira benigna provavelmente culminará no colapso do padrão de papel do dólar americano, em benefício tanto dos proprietários de barras de ouro quanto dos proprietários de bitcoin”, escreveu Wood.

Dólar vai ‘subir de elevador’? Veja perspectivas para o câmbio

Desde outubro do ano passado, em meio às eleições, o dólar no mercado doméstico tem apresentando retrações sucessivas, saindo de R$ 5,16 para ficar levemente abaixo de R$ 5 nas últimas semanas.

Nesse contexto, o mercado discute hipóteses de uma estabilidade da cotação do dólar ou uma elevação da cotação da moeda – eventualmente, uma ‘subida de elevador’, como diz um dos ditados mais célebres do mercado: a moeda americana ‘desce de escada, mas sobe de elevador’.

Um dos principais drivers para o alívio na pressão do câmbio foi a redução dos ruídos fiscais, além de uma melhora da percepção de risco do investidor estrangeiro com relação ao cenário da economia doméstica.

“No último ano, observamos avanços significativos em questões fiscais cruciais para proporcionar previsibilidade nas contas públicas brasileiras, resultando em uma melhoria na nota de crédito atribuída por agências como Fitch e S&P, consolidando a credibilidade das propostas”, destaca Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

Para esse ano, o especialista destaca que é essencial considerar o contexto eleitoral deste ano, tradicionalmente marcado pelo aumento dos gastos governamentais.

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Além disso, destaca que as decisões de política monetária nos Estados Unidos devem seguir influenciado o comportamento de outras moedas, uma vez que têm o potencial de aumentar ou reduzir a atratividade do dólar.

“O real encerrou 2023 como uma das moedas mais valorizadas em relação ao dólar, no entanto, é válido notar que, mesmo em um ambiente externo favorável, a atratividade da economia é um fator essencial para entrar na rota do investidor estrangeiros. Isso é evidenciado pelo desempenho negativo de outras moedas, como a Lira Turca, Rublo Russo e Peso Argentino, que enfrentaram quedas expressivas e problemas sérios de desequilíbrio em suas economias”, destaca.

BTG espera ‘montanha russa do dólar’

Os especialistas do BTG Pactual esperam uma elevação sucessiva da cotação do dólar até março, atingindo um pico de R$ 5,14. Após isso, a expectativa é de uma retração contínua do preço ante o Real, fechando o ano de 2024 a R$ 4,85.

“Desde o final do ano passado, as narrativas para um call de forte apreciação do Real em 2024 tem ganhado holofote no mercado, com razões no cenário externo e doméstico, seja pela forte queda de juros americanos esperada pelo mercado (atualmente precificada em cerca de 175bps), seja pelo diferencial de juros de 2 anos bastante atrativo (cerca de 560bps) e pelas fortes expectativas de produção de petróleo interno”, diz a casa.

Apesar disso, a análise é de que existem fatores para algum receio com tamanho otimismo.

“O primeiro ponto é que 2024 será de desaceleração global com queda de juros, cenário que tende a favorecer mais as moedas de países emergentes exportadores de tecnologia (sudeste asiático) do que commodities (latinos)”, oberva.

“A segunda razão se encontra na incerteza fiscal. Apesar da aprovação da reforma tributária e dos upgrades nos riscos soberanos em 2023, é fato que a desaceleração da nossa atividade trará desafios arrecadatórios e deverá provocar revisões nas metas fiscais não apenas em 2024, mas nos anos posteriores. Entendemos, sim, que a ‘barra é alta’ para depreciações do real, mas acreditamos também que o potencial de valorização, ao menos por agora, não tende a ser tão eleva”, completa sobre o dólar.

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Vinícius Alves

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