Em novo relatório sobre o câmbio, o economista-chefe do BB, Marcelo Rebelo, revisou sua projeção para o dólar.
Agora, a projeção da casa é de R$ 5 para a cotação do dólar.
“Achamos que, em relação aos níveis atuais, o segundo semestre seria um ambiente em que o dólar perderia força, a partir do momento em que ficar claro para os investidores que vem um easing (afrouxamento monetário), em especial nos Estados Unidos”, disse Rebelo, durante painel no Previ Day, evento promovido pela Previ, nesta tarde, em São Paulo.
Ele observa que essa perspectiva já foi mais forte no início do ano, mas que o cenário junto aos fundamentos positivos por aqui com as contas externas faz a expectativa ser melhor para o real.
Na contramão, o economista-chefe destaca, sobre o câmbio, que há riscos fiscais e domésticos, que podem trazer volatilidade.
“Colocaria também o risco da eleição americana, que pode trazer um ambiente desafiador para o dólar global”, diz.
Dinâmica de juros, fiscal e dólar
Rebelo também chama atenção que recentemente, na revisão das metas fiscais, a mudança não foi significativa em termos numéricos – mas a alteração causou mais repercussão do que a mensagem passada.
“Em relação à última reunião do Copom, apesar de o resultado ter vindo em linha com as expectativas mais cautelosas do mercado (redução de 25 pontos-base), a decisão dividida entre 25 e 50 pontos foi o que trouxe incerteza aos investidores”, diz.
“Mais do que isso, o que repercutiu foi a divisão entre os membros mais antigos, que votaram pelo corte de 25 pontos, e os mais novos, que optaram por 50 pontos. Na leitura do mercado, isso poderia ser um indicativo de uma diretoria do BC, principalmente a partir de 2025, menos combativa em relação à inflação”, completa.
Com isso, o economista-chefe do BB comenta que “essa interpretação ocorreu” e tem sido amplamente divulgada.
“E isso, somado ao ponto das incertezas com as contas fiscais, fez com que o câmbio apresentasse uma desvalorização significativa e as expectativas inflacionárias, já desancoradas, apresentassem nova deterioração”, conclui, sobre a dinâmica de juros e do fiscal que afeta o dólar.