Em novo relatório macroeconômico sobre o Brasil, os analistas do Itaú elevaram suas projeções para o dólar e para inflação ao final de 2024, destacando uma piora na percepção de risco fiscal.
A casa afirma que o risco fiscal se agravou diante da forte alta dos gastos e uma agenda de receitas próxima ao limite do crescimento. Com isso, dizem os analistas, iniciativas de economia de gastos são fundamentais, incluindo o anúncio de bloqueio de despesas de ao menos R$ 20 bilhões.
A projeção de déficit primário para este ano foi mantida em 0,60% do PIB, ou R$ 75 bilhões. Para 2025, a expectativa é de déficit de 0,90% do Produto Interno Bruto brasileiro, ou R$ 105 bilhões.
Já em relação ao câmbio, a previsão do Itaú foi elevada para R$ 5,30 ao final de 2024, ante R$ 5,15. Para 2025, os analistas agora esperam um dólar a R$ 5,40, ante R$ 5,25, refletindo a deterioração dos mercados quanto às incertezas domésticas.
“Projetamos alguma apreciação do câmbio frente ao patamar atual, mas condicional ao anúncio do bloqueio de despesas. Caso o cenário esperado não se confirme, podemos voltar a níveis tão depreciados ou ainda mais do que as máximas recentes”, diz o Itaú em relatório.
Sobre o PIB deste ano, a expectativa de crescimento de 2,30% foi mantida, com o consumo sustentado e a recuperação do investimento. A tragédia no Rio Grande do Sul, diz a casa, não parece ter afetado o crescimento do PIB agregado do ano.
“O consumo deve continuar sustentado pelo crescimento da renda, em meio ao mercado de trabalho resiliente e a expansão creditícia. O investimento, por sua vez, vem se recuperando, apesar de em patamar ainda historicamente baixo”, escrevem os analistas.
O Itaú também espera uma inflação mais alta ao final deste ano, tendo revisado sua expectativa de 3,80% para 4%, citando os efeitos da moeda mais fraca em relação aos preços dos alimentos e bens.
“Dessa forma, incorporamos parte dos efeitos da depreciação do câmbio já em 2024. Incorporamos também o reajuste de 7% de gasolina anunciado recentemente pela Petrobrás. O balanço de riscos para nossa projeção segue assimétrico de alta: um câmbio ainda mais depreciado pode ter efeitos adicionais sobre alimentos e industriais”, diz o Itaú sobre a inflação e o dólar.