Dólar cai, volta a R$ 5,70 e encerra março com recuo de 3,57%

Dólar opera em baixa durante praticamente todo o dia, após três pregões positivos na semana passada, e encerra março com recuo de 3,57%.

O dólar à vista acentuou o ritmo de baixa ao longo da tarde desta segunda-feira (31) e fechou a R$ 5,7053, em queda de 0,98% em relação ao valor de sexta-feira (28), após três pregões seguidos de valorização.

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Com mínima a R$ 5,7016, a moeda norte-americana acompanhou a diminuição da aversão ao risco no exterior, com a virada das bolsas em Nova York para o campo positivo. Por aqui, afora uma alta pontual e limitada nos primeiros minutos, o dólar trabalhou em terreno negativo no restante do dia. Em março, o dólar recuou 3,57%. No ano, a baixa já é de 7,68%.

A semana começou com o mercado arisco com a contagem regressiva para o anúncio de tarifas recíprocas pela administração Donald Trump, na quarta-feira, 2, no que pode ser o estopim para uma guerra comercial.

A moeda avançou na comparação com pares e em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities. O real exibiu melhor desempenho entre as principais divisas globais, desconsiderando o rublo russo. Dois outros pares da moeda brasileira, o peso colombiano e o rand sul-africano, também se apreciaram, mas com ganhos menores.

“O Brasil é menos afetado pelas tarifas e o carrego ajuda muito. Os estrangeiros já diminuíram bastante a posição comprada em dólar, que é muito cara”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, que não descarta a possibilidade de entrada de fluxo externo nesta segunda-feira.

Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que a instituição vai buscar a meta de inflação de 3%. Ele reiterou que o BC intervém no mercado de câmbio apenas quando há “disfuncionalidade”, seja no segmento spot, seja no mercado de derivativos.

Operadores até esperavam que a divisa pudesse ganhar força em relação ao real ao longo da tarde, após a definição da última taxa ptax de março e do primeiro trimestre, mas isso não aconteceu. Questões técnicas típicas de fim de mês como ajustes de carteira e rolagem de posições no segmento futuro também influenciaram as negociações.

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Dólar: projeções para abril

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, observa que a partir da terça-feira (1), com menos influência de fatores como a disputa pela ptax, o mercado de câmbio local deve ser guiado pela agenda pesada da semana. “O clima é de aversão ao risco e desconforto com a expectativa pelas tarifas de Trump, o que aumenta a volatilidade dos ativos”, diz Galhardo.

Além do tarifaço prometido para quarta-feira pelo presidente dos Estadis Unidos, Donald Trump, investidores aguardam a divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA referente a março e a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ambos na sexta-feira (4). Por ora, os indicadores ainda mostram atividade americana sólida. Mas houve recentemente piora do sentimento do consumidor e aumento das expectativas inflacionárias

Há temores de que retaliações de outros países deflagrem uma guerra comercial que tire fogo da economia global. Bancos já veem chances maiores de recessão nos EUA com inflação ainda elevada, a chamada “estagflação”. À tarde, o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse esperar que a economia continue crescendo, mas em ritmo mais lento do que no ano passado.

Williams pontuou que as incertezas em relação às tarifas de Trump ainda são elevadas e que ainda é necessário avaliar qual será o impacto da política comercial americana sobre a atividade. “Não vou prever chances de uma recessão nos EUA”, disse Willians. Já o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, afirmou que não vê “cenário de estagflação no momento”.

Em linhas gerais, a avaliação dos analistas é que a mudança na política comercial americana vai levar a uma desaceleração da economia dos EUA e, consequentemente, a um cenário de juros mais baixos. Isso, teoricamente, seria positivo para o real em relação ao dólar – mas o aumento da aversão ao risco pode enfraquecer a moeda brasileira e pressionar a inflação.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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