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Dólar toca maior patamar desde 2022 e fecha nas alturas: o que está acontecendo com o câmbio?

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Dólar. Foto: iStock

O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (26) em alta de 1,20%, a R$ 5,51. Na máxima do dia, a divisa norte-americana chegou a bater R$ 5,52, maior patamar desde novembro de 2022.

O dólar hoje já abriu a sessão em alta, já que o índice DXY, que mede o desempenho da moeda ante uma cesta de pares, atingiu o seu maior nível desde o início de maio. Outro fator de volatilidade no câmbio hoje foi a taxa PTAX, que será fechada nesta sexta-feira (28).

“A alta está relacionada com o vencimento do contrato atual, que se encerra na sexta-feira. Portanto, até lá, a pressão compradora deve continuar no dólar para defendê-lo nesses patamares, para que a PTAX do mês fique próxima dos R$ 5,45-R$ 5,50″, explica Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Nesta quarta-feira, foi divulgado o IPCA-15 de junho, que apresentou alta de 0,39%, abaixo das expectativas do mercado. Em teoria, esse poderia ter sido um fator positivo para o real hoje. No entanto, aspectos políticos acabaram influenciando no câmbio.

Isso porque, em entrevista ao UOL, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu que o equilíbrio das contas públicas pode ser alcançado por meio de impostos, e não pelo corte de gastos.

“Essa sinalização negativa traz à tona riscos importantes, desestimulando investimentos privados e impactando negativamente a economia. Além disso, as constantes demonstrações de insatisfação do presidente com a política monetária, conectadas às falas de hoje, mostram que os debates e desafios macroeconômicos estão sendo reduzidos a uma aparente disputa de interesses”, diz Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio.

Com isso, diz Costa, fica mais difícil desvendar as perspectivas para o dólar, uma vez que a análise deixa de se circunscrever ao aspecto econômico.

“Quando a análise transcende o campo econômico e se volta para o âmbito político, entramos em território de difícil previsibilidade. É desafiador avaliar uma questão como essa, em que o presidente da república decide adotar uma postura mais rígida em relação à economia do país e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional”.

Com isso, o especialista vê uma perda de confiança por parte do investidor, e estima consequências de médio prazo para as falas de Lula desta quarta-feira.

“Avaliamos os riscos com base em diferentes perfis, seja político ou geopolítico, buscando mitigá-los. No entanto, quando a crise se intensifica, há limitações no que pode ser feito, e os impactos são inevitáveis. Os times da Economia e Planejamento terão um árduo trabalho para controlar os danos e desconfianças causadas por essa entrevista e restaurar a confiança dos investidores”, completa Costa sobre o dólar.

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