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Dólar cai 2% na semana, com menor tensão comercial entre EUA e China

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Dólar - Foto: Pixabay

O dólar emendou nesta sexta-feira (25) o sexto pregão consecutivo de queda em relação ao real. Com máxima a R$ 5,7074, pela manhã, e mínima a R$ 5,6647 à tarde, a moeda americana terminou os negócios cotada em R$ 5,6878 (-0,06%), encerrando a semana com perda de 2,00% na comparação com a divisa brasileira.

Com esse fechamento, o dólar acumula desvalorização de 0,31% em abril. No ano, recua 7,97%. Durante o dia, porém, houve oscilação na cotação, com investidores adotando uma postura mais cautelosa diante da falta de sinais mais claros sobre as negociações entre Estados Unidos e China para redução de tarifas de importação entre os dois países.

A despeito de fala mais dura do presidente Donald Trump em relação à China à tarde, depois de alguns dias de discursos mais amenos, a avaliação entre analistas é a de que a semana termina com um arrefecimento da guerra comercial, o que explica o bom desempenho de ativos de risco, como bolsas e divisas emergentes. Além disso, moedas latino-americanas foram favorecidas pelo anúncio de estímulos econômicos e monetários pelo governo chinês.

O gestor de macro da AZ Quest, Gustavo Menezes, destaca a mudança de tom do entorno de Trump ao longo da semana, em especial do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que classificou o quadro tarifário atual como “insustentável” e acenou com diminuição das tensões.

“O mercado deu uma acalmada com essa ideia que vai ser preciso desescalar a guerra comercial. Antes, parecia uma briga sem fim”, afirma Menezes, ressaltando que o ambiente ainda é de muita incerteza, dado o estilo errático do presidente americano. “Hoje (sexta) Trump disse que não vai fazer nada enquanto a China não oferece algo. Todos os mercados estão vivendo um dia após o outro.”

De fato, o presidente americano afirmou a repórter, a bordo do Air Force One, que os EUA não vão abandonar as tarifas contra a China a menos que o gigantes asiático oferece algo em troca; disse ainda que a “abertura da China seria uma grande vitória”. Acrescentou que outra pausa de 90 dias nas tarifas impostas em 2 de abril é improvável e que diversos países querem negociar com os EUA.

Dólar: o que esperar para os próximos dias

Menezes, da AZ Quest, observa que o real e a própria bolsa brasileira se beneficiaram recentemente da migração de posições antes concentradas nos EUA para outros mercados, em razão do enfraquecimento da tese do “excepcionalismo americano”, dada a perspectiva de enfraquecimento da atividade na maior economia do mundo com as medidas de Trump.

“Antes não sobrava muito capital para países como o Brasil. Agora vemos uma diversificação que beneficiou os nossos ativos, principalmente nos últimos 15 dias, já que o país é visto como menos prejudicado pela guerra comercial”, afirma o gestor, que abriu posição a favor do real em comparação com o peso mexicano. “Não foi um rali por mérito próprio. Estamos sendo carregados pelo mercado global”.

Para o economista André Galhardo, consultor da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, fatores domésticos também ajudam a explicar o bom desempenho da moeda brasileira nesta semana, sobretudo a perspectiva de mais aperto monetário.

O economista discorda da interpretação de que declarações recentes de diretores do Banco Central, como a fala de Diogo Guillen (Política Econômica) em Washington, sugiram uma guinada menos cautelosa da autoridade monetária. Ele observa que o BC ainda mostra preocupação com a inflação persistente e as expectativas acima do teto da meta.

Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA-15 desacelerou de 0,64% em março para 0,43% em abril, mas acumula aumento de 2,43% no ano. A avaliação predominante entre analistas ouvidos pela Broadcast foi de que resultado não permite ao BC baixar a guarda.

“Embora alguns colegas não concordem, vejo nas declarações recentes um comportamento bastante conservador. Essa postura, junto com os dados qualitativos do IPCA-15, devem levar o BC a um aumento da Selic em maio e uma alta residual em junho”, afirma Galhardo. “Isso sustenta uma taxa de câmbio menor aqui no Brasil, já que a taxa real de juros brasileira é uma das altas do mundo”.

Com Estadão Conteúdo

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