Dólar fecha em queda de 0,84% com melhora da percepção de risco no exterior
O dólar encerrou as negociações desta terça-feira (21) em queda de 0,84%, frente ao real, valendo R$ 5,286 na venda.
O dólar hoje seguiu acompanhando o calote que a construtora Evergrande pode dar na China e o início da reunião para definir a taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
Na avaliação de João Beck, economista e sócio da BRA, o mercado digeriu um pouco melhor a situação da Evergrande. “A dúvida é se estamos lidando com um caso de insolvência ou liquidez. E também como será a atuação do Partido Chinês no caso. Uma declaração do presidente da empresa e alguns analistas de crédito tranquilizaram o mercado de que não estamos num ‘evento Lehman’ como tem se dito no mercado”, destaca o economista.
Também segue no radar dos investidores, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que iniciou hoje a 6ª reunião do ano para definir o futuro da taxa básica de juros. A expectativa é de aumento, seguindo a trajetória dos últimos quatro encontros.
Com a alta da inflação nos últimos meses, a previsão das instituições financeiras é de que a Selic deve subir de 5,25% ao ano para 6,25% ao ano nesta reunião. Amanhã (22), ao fim do dia, o Copom anunciará sua decisão.
Movimentação do dólar
O dólar americano abriu a sessão de hoje em queda, em sintonia com o ambiente internacional menos tenso. Embora os temores relacionados à crise de solvência da chinesa Evergrande continuassem no radar do investidor, o dia foi de correção dos preços dos ativos.
À espera de novas notícias sobre a economia chinesa, investidor aguarda também as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, na quarta-feira.
No decorrer da sessão, a Moeda norte-americana seguiu em queda, frente ao real, de olho no início da reunião para definir a nova Selic.
A queda do dólar hoje indica uma tentativa de recuperação o mercado à vista após forte alta no dia de ontem, motivada principalmente por preocupação com a gigante do setor imobiliário chinês, Evergrande.
Notícias que movimentaram o dólar
Além disso, veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- Fed pode demitir dirigentes por atuarem no mercado em meio às decisões monetárias
- Ataques cibernéticos: Tesouro dos EUA anuncia novas medidas e sanções
- Evergrande ocasiona queda de fundos dos EUA e Europa que apostavam na China
- Guedes diz estar confiante em solução para aprovação da PEC dos Precatórios
Fed pode demitir dirigentes
Grupos da sociedade civil e uma ex-autoridade do Federal Reserve, o Fed (banco central norte-americano) pediram que a entidade demita ou afaste os presidentes das distritais de Dallas, Robert Kaplan, e Boston, Eric Rosengren, que negociaram ações e outros ativos em 2020 enquanto tomavam decisões de política monetária.
O Better Markets, um grupo que pressiona por regulamentações financeiras mais rígidas, a campanha Fed Up, do Centro para a Democracia Popular, e Andrew Levin, que já trabalhou no Fed e agora atua como professor do Dartmouth College, pediram que a instituição tome medidas contra Kaplan e Rosengren.
“É hora de o Fed fazer o que os líderes devem fazer: liderar pelo exemplo”, escreveu o presidente e diretor executivo da Better Markets, Dennis Kelleher, em uma carta enviada ao presidente do Fed, Jerome Powell, nesta terça.
Ataques cibernéticos
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou um conjunto de medidas voltadas para conter ataques cibernéticos de ransomware nesta terça.
Em comunicado, o órgão disse que as ações têm como objetivo deter redes criminosas e interromper trocas de moedas virtuais responsáveis por lavagem de dinheiro. Os criminosos exigem resgates de empresas ou instituições que são alvos de ataques cibernéticos sejam liberados.
As medidas incluem uma sanção ao SUEX OTC, uma casa de câmbio virtual acusada de facilitar as transações financeiras dos criminosos.
“Ransomware e ataques cibernéticos estão vitimando empresas grandes e pequenas em toda a América e são uma ameaça direta à nossa economia. Continuaremos a reprimir os atores maliciosos”, disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Evergrande
A possibilidade de um calote do Evergrande Group representa um impacto para fundos nos Estados Unidos e na Europa que buscavam retornos mais elevados no mercado de bônus corporativo chinês.
Preocupações de que a Evergrande não pague seus bônus neste mês geraram vendas de papéis de outras companhias no setor imobiliário, pesando sobre fundos gerenciados por Ashmore Group, BlackRock e Pacific Investment Management, entre outros.
Enquanto os bônus da Evergrande eram negociados a cerca de US$ 0,25 em boa parte de setembro, se disseminaram as vendas de bônus de outras grandes incorporadoras da China.
Nos últimos anos, gerentes de ativos do Ocidente passaram a comprar cada vez mais bônus corporativos da China nos últimos anos, apesar dos sinais de uma bolha imobiliária.
Os compradores almejavam investimentos que pagassem mais que os retornos modestos de seus mercados domésticos e poderiam se beneficiar do crescimento forte do país, em comparação com mercados desenvolvidos.
PEC dos Precatórios
O dólar hoje também seguiu atento à PEC dos Precatórios. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça, estar confiante em solução para possibilitar a aprovação da PEC dos Precatórios, viabilizando o espaço no teto de gastos do próximo ano para acomodar o pagamento do Auxílio Brasil – o novo programa social do governo federal.
“O espaço fiscal está na PEC dos Precatórios que havíamos enviado e naturalmente evoluções vão acontecer pelo processo político. Queremos atender o duplo compromisso da responsabilidade social com responsabilidade fiscal. Esse difícil equilíbrio é que é a arte da política, que é a arte de fazer escolhas. Estamos caminhando muito bem pelo resultado da reunião de hoje”, afirmou o ministro, após o encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “Estou muito confiante no Congresso e no Supremo Tribunal Federal de que vamos conseguir manter o compromisso com a responsabilidade social”, completou.
Guedes argumentou que o aumento da inflação reforça a necessidade de um programa social mais robusto.
“Temos que lançar uma camada de proteção, com recursos para um Bolsa Família aumentado para minimizar os impactos que a guerra contra a pandemia trouxe. Tivemos aumento do preço da comida, crise hídrica, uma série de pressões inflacionárias, e precisamos proteger as camadas mais vulneráveis. O Bolsa Família precisa ser fortalecido dentro de um programa mais amplo”, alegou o ministro.
Última cotação do dólar
Na última sessão, segunda-feira (20), o dólar fechou em alta de 1,32%, negociado a R$ 5,35.