Dólar fecha praticamente estável em dia de dado fraco de emprego nos EUA

Após trocas de sinais e variações bem moderadas ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira (4) praticamente estável.

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Operadores ressaltam que taxa de câmbio acima de R$ 5,60 revela ausência de liquidez e uma postura cautelosa dos investidores estrangeiros, que combinam compra de ações domésticas com manutenção ou aumento de hedge do dólar.

A formação da taxa de câmbio se deu nesta quarta sob forças opostas. De um lado, o sinal predominante de baixa do dólar no exterior e o recuo dos Treasuries jogavam a favor do real.

Dados aquém do esperado do mercado de trabalho norte-americano revelados pelo relatório Jolts aumentaram as apostas em um corte de juros em 50 pontos-base pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em setembro, embora as chances de redução de 25 pontos sigam majoritárias.

Na outra ponta, o desempenho ruim de divisas latino-americanas pares, em dia de queda do minério de ferro e do petróleo, moderava o apetite pela moeda brasileira. Temores de recessão nos EUA podem estar pesando sobre as moedas da região. O peso chileno caiu mais de 1,5%, refletindo a decisão da terça à noite do Banco Central do Chile de retomar seu ciclo de afrouxamento monetário, com corte da taxa básica em 25 pontos-base, para 5,5% ao ano.

Com mínima a R$ 5,6165 e máxima a R$ 5,6620, o dólar à vista terminou o pregão cotado a R$ 5,6397 (-0,01%). Na semana, a moeda tem ligeira alta (+0,08%). No ano, o dólar acumula valorização de 16,20%, o que faz o real ter o segundo pior desempenho entre as divisas mais relevantes, com perdas menores apenas que às do peso mexicano.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que a taxa de câmbio acima de R$ 5,60 carrega prêmios de risco associado ao quadro fiscal doméstico ainda desafiador.

“É nítida a busca por proteção em dólar de recursos alocados em ativos brasileiros. Isso mantém a taxa de câmbio acima de R$ 5,60”, diz Galhardo, ressaltando que apenas exportadores irrigam o mercado com divisa americana no momento. “A falta de liquidez é clara, mesmo após as intervenções do Banco Central.”

À tarde, o BC informou que o fluxo cambial em agosto, até o dia 30 foi negativo em US$ 2,696 bilhões, com saída líquida de US$ 5,180 bilhões pelo canal financeiro e entrada líquida de US$ 2,484 bilhões via comércio exterior. No ano, o fluxo cambial total ainda é positivo em US$ 10,824 bilhões.

Pela manhã, em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o ajuste fiscal se concentra “em quem deixou de pagar impostos”, em referência à agenda de recomposição de receitas. Investidores receberam bem a fala de Haddad de que há espaço para rever o formato de financiamento do Auxílio Gás.

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Analistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) afirmam que a engenharia financeira para bancar o auxílio é um drible potencial do governo para realizar gastos fora do Orçamento público. Fontes ouvidas pelo Broadcast revelaram que Haddad deve se reunir com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar do tema.

Haddad se esquivou de questionamento em torno da possibilidade de o Banco Central aumentar a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 17 e 18, ao dizer que não acha “elegante dizer o que o BC tem que fazer”.

Parte dos analistas vê possibilidade de uma apreciação do real caso o BC opte por elevar a taxa Selic simultaneamente ao início de um ciclo de afrouxamento monetário nos EUA. A ampliação do diferencial de juros interno e externo aumentaria a atratividade das operações de carry trade e tornaria mais custoso o carregamento de hedge cambial.

Influência de dados de emprego no dólar

Após dados do relatório Jolts nesta quarta, investidores aguardam a divulgação na quinta (5), de números de criação de vagas no setor privado (relatório ADP) e na sexta-feira, 6, do relatório mensal de emprego (payroll) para calibrar as apostas sobre a magnitude do corte inicial de juros e do ciclo total de alívio monetário nos EUA.

“Com a perspectiva de cortes continuados nos EUA, imaginar altas continuadas por aqui não me parece factível. Economias como o Chile cortaram recentemente suas taxas e isso mostra que o clima geral é de afrouxamento, não de alta”, afirma o economista André Perfeito, sobre a influência desses dados sobre o dólar.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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