O dólar fechou em queda forte nesta quinta (17) e voltou a ser negociado abaixo do patamar dos R$ 5, o que não ocorria desde o pregão de 4 de maio. A sessão de hoje foi influenciada pela perda de força da moeda americana nos mercados globais, num dia de busca pelo risco. Pesaram ainda o arrefecimento da pandemia na China, com reabertura das atividades em cidades como Xangai, dados positivos das economias europeias e inglesas, que deram força ao euro e à libra. O PIB da zona do euro, por exemplo, superou as expectativas e a taxa de desemprego no Reino Unido caiu ao menor nível desde 1974.
Foi uma sessão marcada ainda por declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que revelou ter amplo apoio dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) por um novo aumento de 50 pontos-base do juro na reunião do mês que vem. Segundo ele, que participou de evento do The Wall Street Journal nesta terça, o BC americano entende que este momento requer foco em levar a inflação de volta à meta de 2% ao ano. Por isso o Fed, vai continuar apertando sua política monetária até ver sinais claros de queda dos preços: “Este não é um momento para termos leituras tremendamente detalhadas sobre inflação. Precisamos que ela abaixe de uma forma convincente”, argumentou Powell.
O banqueiro central afirmou que o Fed será mais agressivo se os preços não reduzirem à medida em que o aperto monetário avança. Desta forma, o juro básico pode ir além da taxa neutra, se necessário.
Dólar: volta ao patamar de R$ 4,95
Com o tom incisivo de Powell a respeito da inflação, a moeda norte-americana reduziu o ritmo de baixa lá fora. Por aqui, o dólar retornou momentaneamente ao patamar de R$ 4,95, embora ainda em queda firme. No fim da sessão, a divisa dos EUA era cotada a R$ 4,9429, perda de 2,15%. Com isso, o dólar hoje zerou a alta no mês. A baixa em 2022 voltou a ser de dois dígitos (11,35%).
“A fala de Powell reforçou o comunicado da última decisão, de aumentos de 50 pontos-base e comprometimento com o combate à inflação. Ele disse também que pode aumentar os juros acima do nível neutro, que ainda não está definido por conta da incerteza global”, afirma o economista Matheus Pizzani, da CM Capital, para quem a ênfase de Powell no combate à inflação deixa a porta ainda aberta para aceleração do aperto monetário nos EUA, com alta de 75 pontos-base após a reunião de junho.
O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, afirma que o mercado global reflete a melhora da perspectiva para a economia chinesa, com a flexibilização das medidas restritivas em Xangai, que deve experimentar uma reabertura gradual. Isso levou a uma alta das moedas emergentes, com destaque para o rand sul-africano, o real e o peso colombiano diante do dólar. “Mantemos a estimativa de apreciação do real nas próximas semanas”, afirma, em relatório, Oliveira, ressaltando que os preços das commodities devem se manter em níveis elevados até o fim deste ano e as divisas emergentes devem sofrer “os efeitos cumulativos do aperto monetário nos EUA” no ano que vem.
Com informações do Estadão Conteúdo