O dólar encerrou as negociações desta quarta-feira (8) em forte alta de 2,89%, frente ao real, valendo R$ 5,326 na venda, após o maior salto desde junho do ano passado.
De acordo com Marcelle Gutierrez, da Mesa RV, o dólar hoje seguiu pressionado pela tensão política, após as manifestações em 7 de setembro e declarações tanto do presidente Jair Bolsonaro, como do presidente do ST, Luiz Fux.
Ontem, o presidente Bolsonaro renovou os ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, aumentando a tensão política.
Em resposta hoje, o presidente do STF, o ministro Luiz Fux afirmou que “ameaças de autoridades ao Judiciário constituem crime de responsabilidade a ser analisado pelo Congresso Nacional” (referindo-se à motivação judicial para a abertura de um processo de impeachment).
Fux afirmou ainda: “Este Supremo jamais aceitará ameaças à sua independência, nem intimidações ao exercício regular de suas funções”. E acrescentou “ninguém fechará esta Corte, nós a manteremos de pé”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também falou sobre as manifestações de Bolsonaro, mas não acalmou o mercado. Lira disse hoje (8) que a Casa vai se posicionar como ponto de pacificação entre Judiciário e Executivo. Afirmou também que não há mais espaço para radicalismos e excessos e que a Câmara está aberta a conversas e negociações para diminuir o atrito entre os Poderes.
“A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como um motor de pacificação. Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade e não há receita para superar a grave crise socioeconômica sem estes elementos”, afirmou Lira. O sentimento entre os investidores é de que o impasse entre os Poderes pode atrasar reformas e empacar processos como o da privatização da Eletrobras (ELET3).
Movimentação do dólar
O dólar americano abriu a sessão de hoje em alta digerindo as falas do presidente do Brasil nas manifestações que ocorreram ontem.
No exterior, os mercados refletiam os temores de que o avanço da variante Delta de coronavírus (Covid-19) atrase a recuperação econômica mundial.
No decorrer da sessão, o dólar continuou avançando, de olho na fala do presidente do STF, em resposta à Bolsonaro. Durante a fala de Fux, a moeda norte-americana acentuou sua alta frente ao real e encostou na máxima do dia.
Notícias que movimentaram o dólar
Veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- Cenário provável é de que governo dos EUA fique sem caixa em outubro, diz Yellen
- Fluxo cambial total no ano até 3 de setembro é positivo em US$ 21,062 bi, diz BC
- Livro Bege: emprego cresce, mas escassez da mão de obra segue e eleva salários
EUA sem caixa
A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, estima que o governo norte-americano provavelmente ficará sem caixa em outubro se o Congresso do país não votar pela elevação do limite da dívida federal nas próximas semanas.
“Com base nas informações mais recentes, o cenário mais provável é que os recursos e medidas extraordinárias fiquem exauridos durante o mês de outubro”, disse Yellen, em carta destinada à presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.
Na carta, Yellen pede ao Congresso que decida sobre a questão do teto da dívida “o mais breve possível”.
Fluxo cambial
O fluxo cambial do ano até 3 de setembro ficou positivo em US$ 21,062 bilhões, conforme informou nesta quarta-feira o Banco Central (BC). Em igual período do ano passado, o resultado era negativo em US$ 15,761 bilhões.
A entrada líquida pelo canal financeiro neste ano até 3 de setembro foi de US$ 3,460 bilhões. O resultado é fruto de aportes no valor de US$ 355,882 bilhões e de retiradas no total de US$ 352,423 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
No comércio exterior, o saldo anual acumulado até 3 de setembro ficou positivo em US$ 17,602 bilhões, com importações de US$ 142,315 bilhões e exportações de US$ 159,917 bilhões. Nas exportações estão incluídos US$ 20,667 bilhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 40,543 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 98,708 bilhões em outras entradas.
Livro Bege: crescimento do emprego continua a se fortalecer
O dólar hoje também seguiu de olho no Livro Bege divulgado nesta quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O documento é um sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária do banco central americano.
O crescimento do emprego continua a se fortalecer em todos os distritos dos Estados Unidos, afirma o Livro Bege. O ritmo de criação de postos de trabalho passou de leve a forte, observou o documento.
A demanda por trabalhadores continua a se fortalecer, mas todos os distritos notaram “extensa” escassez de mão de obra, que restringe o avanço do emprego e, “em muitos casos”, impede a atividade empresarial, observa o relatório. Para atrair funcionários, empresas passaram a aumentar salários, adotar bônus, treinamentos e flexibilidade.
Vários distritos notaram ganhos salariais particularmente “intensos” entre os trabalhadores com salários mais baixos. Alguns distritos observaram que o retorno ao trabalho presencial foi adiado por conta do avanço da cepa delta do coronavírus.
Cotação do dólar na quinta (2)
O dólar à vista encerrou o pregão de segunda-feira (06) em queda de 0,15 %, cotado a R$ 5,177. Na terça-feira (07) não houve negociações devido ao feriado do Dia da Independência no Brasil.
Com informações do Estadão Conteúdo
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