O dólar encerrou as negociações desta terça-feira (14) valendo R$ 5,257 na venda, após uma valorização de 0,65%, frente ao real, recuperando parcialmente as perdas de ontem.
Na avaliação de João Beck, economista sócio da BRA, a alta do dólar hoje pode ser por um motivo técnico. Ele explica que “com o desarme de algumas posições tomadas em DI, é esperado também um desarme em posições compradas em real como trade compensatório.”
Além disso, os investidores seguiram de olho nos dados de inflação nos EUA. O Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos (CPI) apresentou uma elevação abaixo das estimativas do mercado, e levou a uma valorização do dólar ante outras moedas pelo mundo, incluindo o real. Além disso, segundo a Ativa Investimentos, os números reforçam o tom dovish ainda adotado pelo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e as expectativas pela manutenção da compra de títulos.
Movimentação do dólar
O dólar americano abriu a sessão de hoje em alta de olho nos dados de inflação dos EUA. A leitura nos EUA é que a inflação abaixo do previsto adia a retirada de estímulos à economia.
Já aqui no Brasil, o dólar seguia atento ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participou de evento do BTG Pactual (BPAC11), e afirmou que as surpresas negativas em relação à inflação estão em toda a parte e que os bancos centrais pelo mundo estavam otimistas em relação a uma recuperação com menos inflação. “Os BCs acreditavam em inflação temporária, o que não se mostra verdade”, afirmou.
No decorrer do dia, a moeda dos Estados Unidos permaneceu em alta, com o mercado acompanhando o parecer de constitucionalidade da PEC que trata do parcelamento de Precatórios (PEC 23/2021) que foi apresentado hoje pelo deputado federal Darci de Mato (PSD-SC).
Uma vez aprovada na CCJC, a PEC em tese ainda precisaria tramitar em comissão especial da Câmara dos Deputados, onde será discutido o mérito da matéria, antes de ser levada ao plenário.
Notícias que movimentaram o dólar
Além disso, veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- CCJ da Câmara analisa nesta tarde admissibilidade da PEC dos precatórios
- Mansueto: Câmbio não está abaixo de R$ 5,00 por ruídos envolvendo Bolsa Família
- Presidente da Petrobras (PETR4) segue Bolsonaro e diz que ICMS eleva combustíveis
PEC dos precatórios
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara analisa hoje a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que parcela o pagamento de precatórios, como são chamadas as dívidas judiciais.
A fatura prevista para 2022 é de R$ 89,1 bilhões e, se paga integralmente, deixará o Orçamento do ano que vem sem espaço para novas políticas, como a ampliação do Bolsa Família.
O parecer do relator, deputado Darci de Matos (PSD-SC), é pela admissibilidade do texto. Segundo o parlamentar, é preciso encontrar “uma solução que alcance a necessária responsabilidade fiscal exequível de pagamentos de precatórios”.
Desde a semana passada, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), tem defendido uma PEC para tirar toda a despesa com precatórios do teto de gastos, a regra que limita despesas à inflação. A medida liberaria R$ 20 bilhões dentro do limite de despesas – espaço que ajudará a acomodar o novo programa social, Auxílio Brasil, que será o sucessor turbinado do Bolsa Família.
Ruídos envolvendo Bolsa Família
O economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que, com a melhora das contas externas, a taxa de câmbio brasileira só não está abaixo de R$ 5,00 hoje porque “estamos produzindo muitos ruídos”.
Ele destacou que menções do governo a diferentes valores para a ampliação do Bolsa Família e riscos de aumento de outros gastos têm causado “tumulto”. Mansueto ponderou, contudo, que, mesmo com a turbulência, o dólar não está caminhando para R$ 5,80 ou R$ 6,00, em função do quadro favorável no setor externo.
O economista afirmou que, se o País mantiver o cumprimento das regras e sinalizar compromisso com o ajuste fiscal, o câmbio deve ficar em R$ 5,00 ou abaixo desse nível nos próximos anos. Ele citou que o déficit em transações correntes este ano deve ser pequeno, de R$ 2 bilhões – o melhor resultado desde 2007 -, enquanto o Investimento Direto no País (IDP) deve alcançar R$ 50 bilhões e aumentar nos próximos anos.
Silva e Luna diz que ICMS eleva combustíveis
Com um discurso totalmente alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Petrobras (PETR4), Joaquim Silva e Luna, jogou para os governadores a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis no País.
Disse que a estatal deve ser vista com orgulho, afirmou que tem se esforçado em diversas áreas para colaborar com o Brasil, e negou que repasse as elevações vistas no mercado internacional de forma automática. Enquanto o general falava para deputados, em um evento privado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliava que a petroleira brasileira repassa os preços de forma muito mais rápida do que se vê em outros países, para justificar a alta dos juros.
A participação de Silva e Luna no Congresso foi requisitada pelo deputado Danilo Forte (PSDB-CE). Inicialmente, ele seria ouvido pela Comissão de Minas Energia, mas sua presença ganhou mais relevância depois que a audiência foi transferida para o plenário pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). A expectativa em torno das declarações do presidente da Petrobras cresceu ainda mais depois que Lira usou as redes sociais, na noite de ontem, para criticar a gestão da estatal.
“Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã hoje, a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós. A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas”, escreveu o presidente da Câmara. A mensagem de Lira causou forte reação negativa nos papéis da companhia em Nova York, que chegaram a ceder 2%, pois os negócios brasileiros já haviam encerrado as atividades. Apesar de o mercado avaliar bem as posições de Silva e Luna hoje, as ações da empresa seguem em baixa de 0,99%.
Última cotação do dólar
Na última sessão, segunda-feira (13), o dólar encerrou o pregão queda de 0,83%, negociado a R$ 5,22.
Com informações do Estadão Conteúdo
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