O dólar encerrou as negociações desta quinta-feira (19) em alta de 0,89%, frente ao real, valendo R$ 5,423 na venda.
O dólar hoje reagiu a queda das commodities com aversão a risco no exterior. O movimento acontece após o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) defender na ata da reunião de julho que a redução na compra de ativos (“tapering“) aconteça antes do fim deste ano por conta do risco de que a alta recente na leitura da inflação seja mais persistente do que o previsto.
O mercado também seguiu de olho no impacto da variante delta de coronavírus na recuperação econômica mundial.
Movimentação do dólar
Após encerrar o pregão de ontem em alta de quase 2%, o dólar abriu a sessão continuando sua escalada e atingiu o maior valor intradia desde 4 de maio.
No decorrer da sessão, a moeda norte-americana continuou operando no azul, acompanhando as desconfianças sobre os fundamentos fiscais do Brasil, em um ambiente de crise sanitária e ruídos político-institucionais.
De acordo com Jefferson Rugik, diretor da corretora Correparti, o anúncio dos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, também ficou no radar do dólar.
Notícias que movimentaram o dólar
Veja algumas notícias que movimentaram o dólar durante a sessão de hoje:
- Petróleo fecha em forte queda, com dólar forte e aversão ao risco após ata do Fed
- Guedes: com alta de preços, momento é ideal para redução de tarifas de importação
- Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC
Petróleo despenca
O petróleo registrou forte recuo nesta quinta-feira pressionado pelo sentimento de aversão global ao risco, após o Fed sinalizar que pode começar a reduzir os estímulos monetários neste ano nos Estados Unidos.
O movimento ainda provocou um fortalecimento do dólar no mercado cambial, pesando sobre a demanda por ativos cotados na moeda americana, como é o caso da commodity energética.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para outubro encerrou a sessão em baixa de 2,62% (-US$ 1,71), a US$ 63,50, e o do Brent para igual mês cedeu 2,68% (-US$ 1,78) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 66,45.
Redução de tarifas de importação
O ministro da Economia Paulo Guedes, disse que o momento econômico brasileiro é ideal para a redução de tarifas de importação porque há aumento de preços no mercado interno e a arrecadação de tributos está em alta.
“Não há hora melhor para abertura do que em momento em que há pressão de preços. O momento de abrir não é quando está em recessão. Agora economia está crescendo, arrecadação está aumentando”, afirmou, durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que debate o tema “Mercosul: tarifa externa comum e potencial de ampliação do bloco”.
Vale destacar que o Brasil, com o apoio do Uruguai, vem negociando a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que é a taxa cobrada na importação de produtos de fora do bloco. No primeiro semestre, o Brasil propôs reduzir a TEC em 10% imediatamente e mais 10% no fim deste ano.
A Argentina, contrária à redução linear, aceitou um corte de 10%, limitado a 75% da pauta comercial, o que o Brasil achou insuficiente. “Já gostaríamos de ter reduzido as tarifas do Mercosul. Nossa missão é modernizar o Mercosul para maior integração com economia mundial”, afirmou.
Ruídos aumentam projeções de inflação, diz presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que ruídos no cenário político têm levado o mercado a aumentar as projeções de inflação do Brasil. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional do Brasil, a briga entre Poderes”, destacou em palestra virtual do Council of the Americas.
Para o dirigente, as turbulências têm feito com que as perspectivas em relação a situação econômica do país do mercado sejam consideravelmente diferentes das análises técnicas do Banco Central. “Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume”, acrescentou.
O último Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com especialistas do sistema financeiro, mostrou que a previsão do mercado para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 6,88% para 7,05%. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,90%.
A previsão para 2021 está acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior, de 5,25%.
Última cotação do dólar
O dólar encerrou as negociações de quarta-feira (18) em alta de 1,99% frente ao real, valendo R$ 5,375.
Com informações de Estadão Conteúdo.
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