Dólar acentua queda e fecha abaixo de R$ 4,65 com expectativa de Selic mais alta

O dólar abriu a semana em queda firme no mercado doméstico de câmbio, apesar do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. Segundo operadores, o real teria se beneficiado nesta segunda-feira pela entrada de recursos de exportadores, em meio à alta das commodities metálicas e agrícolas, e por desmontagem de posições cambiais defensivas no mercado futuro, diante da expectativa de que o Banco Central vai ter de prolongar o aperto monetário para além da reunião do Copom em maio, na qual já está contratada uma elevação da Selic em 1 ponto porcentual, para 12,75%.

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À leitura expressiva do IPCA de março (1,62%) há dez dias somou-se nesta segunda-feira o avanço de 2,48% do IGP-10 de abril, acima da mediana de Projeções Broadcast (+2,23%). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acenou na semana passada com a possibilidade de estender o ciclo de elevação da taxa básica ao dizer que “houve surpresa no último IPCA”. Em participação nesta segunda-feira à tarde em evento sobre moedas digitais promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Campos Neto não falou de política monetária.

Nas mesas de operação, a avaliação é a de que uma Selic ainda maior mantém um diferencial de juros muito atraente mesmo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acelere o ritmo de alta de juros nos EUA em maio, com elevação da taxa básica em 50 pontos-base. A resultante é um ambiente ainda muito favorável para operações de carry trade.

Dólar operou em baixa e fechou a R$ 4,6482, em queda de 1,02%

Tirando uma alta momentânea pela manhã, quanto tocou na casa de R$ 4,70, ao registrar máxima a R$ 4,7088 (+0,27%), o dólar hoje trabalhou em baixa durante todo o dia. A mínima, a R$ 4,6472, veio na última hora de pregão. No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 4,6482, em queda de 1,02%, o que leva a uma desvalorização acumulada em abril para 2,37%.

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No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes – operou em alta ao longo do dia, acima dos 100,000 pontos. Em relação aos pares do real, o dólar subiu frente ao rand sul-africano e ao peso chileno, mas apresentou leve queda ante o peso mexicano. O petróleo tipo Brent para junho, referência para a Petrobras, fechou a US$ 113,16 o barril, alta de 1,17%.

O tombo do real poderia ter sido ainda maior caso não fosse o menor apetite externo pela Bolsa. Dados da B3 que os investidores estrangeiros retiraram R$ 1,754 bilhão em abril (até dia 13). No ano, contudo, o capital externo ainda apresenta entrada líquida de R$ 63,573 bilhões. Com a greve no Banco Central, não há dados disponíveis do fluxo cambial em abril, mas profissionais do mercado falam em uma desaceleração do ritmo de entrada, após um primeiro trimestre exuberante.

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“O IPCA veio acima do esperado e o IGP-10 estourou. Isso abre espaço para o nosso Banco Central ser mais agressivo e levar a Selic para mais de 13%. Mesmo com a alta dos juros nos EUA, vamos ser muito atrativos para arbitragem de taxa de juros”, afirma Ricardo Gomes da Silva, diretor da corretora Correparti. “Essa expectativa de juros mais altos levou a uma forte desmontagem de posições no mercado futuro. Além disso, o exportador está fechando câmbio e vendendo dólar futuro também.”

Gomes da Silva observa que o Brasil se beneficia tanto pelo fato de ser exportador de commodities, cujos preços foram turbinado pela guerra na Ucrânia, quanto por ter tradição em lidar com processos inflacionários e manter uma taxa real de juros elevada. Esses fatores têm no momento peso maior na formação da taxa de câmbio do que as preocupações com as contas públicas e a eleição presidencial.

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A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, também atribui o movimento de apreciação mais forte do real nesta segunda, enquanto outras divisas emergentes andam de lado ou perdem terreno, à expectativa de aumento mais expressivo da taxa Selic, na esteira do IPCA de março e do IGP-10 de abril. “Essa expectativa de que o Banco Central estique o ciclo de aperto tem contribuído para a melhora do dólar por aqui”, diz Quartaroli. “Contudo, o quadro fiscal segue no radar, com o reajuste dos servidores. O mercado está em alerta com a possibilidade de novos aumentos até as eleições que acabem prejudicando as contas públicas. Isso pode gerar pressões sobre o dólar.”

Servidores públicos federais pressionam por reajuste maior que os 5% em estudo pelo governo e reivindicam reestruturação de carreiras. O secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, disse nesta segunda que um reajuste de 5% já demandaria um “esforço fiscal considerável” em um país que não apresenta “superávit primário“.

Caso o aumento de 5% seja oficializado, o custo em 2023 seria de R$ 12,6 bilhões, disse o secretário. Neste ano, a estimativa é de impacto de R$ 6,3 bilhões no segundo semestre. E tem mais. O Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) informou que medidas já aprovadas no Congresso ou em estágio avançado de discussão podem gerar uma bomba fiscal de cerca de R$ 25,5 bilhões neste ano, de acordo os cálculos do economista Marcos Mendes, pesquisador do Insper.

No exterior, os investidores receberam dados da economia chinesa, que sofre em meio a lockdowns para conter o avanço da covid-19. O PIB chinês subiu 4,8% no primeiro trimestre (na comparação anual), acima do previsto (4,6%). A meta oficial para este ano, contudo, é de uma expansão de 5,5%. Já as vendas no varejo na China recuaram 3,5%, além do esperado (-2,0%). Crescem as expectativas de que o governo chinês possa lançar nova rodada de estímulos monetários para sustentar a atividade econômica.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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