O dólar à vista fechou a sexta-feira em alta firme em relação ao real, cotado a R$ 4,9935 na venda. Na semana, a moeda acumulou elevação de 0,52%. O movimento acompanhou a valorização do dólar em relação a outras moedas de países exportadores de commodities.
Durante esta semana, o mercado cambial continuou se mantendo dentro de uma faixa estreita de operação, com o dólar oscilando entre R$ 4,90 e R$ 5,00.
De acordo com Luiz Felipe, CEO do Transferbank, a alta do dólar em relação a outras moedas foi uma tendência global, impulsionada por preocupações com a economia da China e uma forte queda no preço do petróleo, afetando negativamente os ativos de países emergentes, que são sensíveis às commodities.
Além disso, a moeda sofreu influência de sinais mais conservadores por parte dos dirigentes do Fed (Federal Reserve) que reforçam a percepção de que o início do ciclo de corte de juros ainda não está próximo.
A divulgação da Ata da última reunião do Fed reforçou a perspectiva de que a política monetária nos EUA permanecerá restritiva até que a inflação esteja sob controle. A maior parte dos membros votantes estão preocupados com os riscos de cortar a taxa básica de juros cedo demais, com ampla incerteza sobre por quanto tempo os custos dos empréstimos devem permanecer no patamar atual.
“Quanto mais altos os juros em determinado país, mais atraente fica a rentabilidade de seu mercado de renda fixa, o que beneficia sua moeda. No caso dos EUA, o dólar fica ainda mais atraente pelo fato de ser considerado seguro em momentos de turbulência econômica ou geopolítica”, explica Felipe.
Atualmente, a taxa Selic está em 11,25% ao ano, após cinco cortes consecutivos de 0,50 ponto porcentual pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
O que esperar do dólar na próxima semana?
Para Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, a próxima semana vai ter uma agenda cheia de eventos relevantes, com a divulgação de indicadores importantes tanto no Brasil quanto no exterior, o que deve causar uma maior volatilidade no mercado cambial. Portanto, os investidores devem manter a cautela e acompanhar de perto os indicadores para tomar decisões mais assertivas.
No Brasil, os destaques serão o Boletim Focus, IED, IPCA, IGP-M, Taxa de Desemprego, Balanço Orçamentário, PIB e dívida bruta, além do fechamento da Ptax do mês no último dia útil, momento de disputa entre compradores e vendedores.
No exterior, os principais indicadores incluem o PIB, o PCE (indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve), a confiança do consumidor nos EUA, as vendas no varejo na Alemanha e os PMIs na zona do euro e na China.
Dólar: consenso do mercado financeiro projeta retração em 2024
Conforme dados do Boletim Focus mais recente, a projeção do dólar é de R$ 4,93 ao fim deste ano, levemente abaixo do patamar atual.
A projeção é praticamente igual a estimativa do dólar em 2024 de quatro semanas atrás, que era de R$ 4,92.
Já a estimativa do mercado para o dólar em 2025 segue de R$ 5, sendo a mesma há seis semanas.
BTG espera ‘montanha russa do dólar’
Os especialistas do BTG Pactual esperam uma elevação sucessiva da cotação do dólar até março, atingindo um pico de R$ 5,14. Após isso, a expectativa é de uma retração contínua do preço ante o Real, fechando o ano de 2024 a R$ 4,85.
“O primeiro ponto é que 2024 será de desaceleração global com queda de juros, cenário que tende a favorecer mais as moedas de países emergentes exportadores de tecnologia (sudeste asiático) do que commodities (latinos)”, oberva o BTG sobre o dólar.