Dólar dispara 2,63% e volta a fechar acima de R$ 5

O dólar disparou nesta segunda (2) e fechou em alta de 2,63%, e voltou a ser cotado acima de R$ 5. A moeda norte-americana encerrou o pregão negociada a R$ 5,0727, depois de oscilar entre R$ 4,9664 e R$ 5,0875.

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A divisa avançou em meio à onda de fortalecimento global da moeda americana. À cautela em torno da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira, 5, que pode trazer um tom mais duro, somaram-se temores de desaceleração da economia mundial em momento de inflação elevada, a chamada estagflação. Dados de atividade industrial abaixo do esperado nos Estados Unidos e, sobretudo, na China assustaram os investidores. Os lockdonws prescritos pela política de covid zero no gigante asiático traçam um cenário ruim para commodities, levando a uma queda em bloco das divisas emergentes.

Por aqui, a moeda dos EUA operou com sinal positivo desde a abertura e superou a barreira dos R$ 5 já na primeira hora de negócios. A onda compradora se acentuou ao longo da tarde com a piora do ambiente externo. A taxa da T-note de 10 anos atingiu 3% pela primeira vez desde 2018 e o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – escalou até os 103,747 pontos.

Com renovação sucessiva de máximas ao longo da tarde, o dólar correu até R$ 5,0875. No fim do dia, com a virada das bolsas americanas para o positivo e a diminuição das perdas do Ibovespa, o dólar desacelerou os ganhos e encerrou o primeiro pregão de maio em alta de 2,63%, a R$ 5,0727 – maior valor de fechamento desde 17 de março (R$ 5,0343). A desvalorização da moeda americana no ano, que chegou a superar 17%, voltou a ser de um dígito (-9,02%). O real liderou nesta segunda as perdas entre divisas emergentes, seguido pelo rand sul-africano, com baixa na casa de 2%, e pelo peso chileno e colombiano, que caíram mais de 1%.

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Apesar da escalada do dólar, o Banco Central não deu às caras no mercado nesta segunda, talvez porque o movimento de valorização da moeda americana tenha sido global e não tenha havido “disfuncionalidade” na formação da taxa de câmbio. As duas últimas intervenções do BC foram no dia 22 (venda de US$ 571 milhões em leilão à vista) e no dia 26 (venda de US$ 500 milhões em contratos de swap cambial).

Já está na conta do mercado que o Copom anuncie uma alta de 1 ponto porcentual da taxa Selic, para 12,75%, na quarta-feira à noite. Espera-se que o Banco Central deixe a porta aberta para uma elevação residual em junho, talvez de 0,50 ponto porcentual. Embora a taxa real doméstica seja a maior do mundo (à exceção da Rússia) e o diferencial de juros interno e externo tenda a se manter ainda em níveis elevados, investidores se mostram cautelosos e evitam aumentar exposição à moeda brasileira no curto prazo, dada a incerteza no ambiente externo.

Lá fora, além da provável elevação da taxa básica em 50 pontos-base, o BC americano pode acenar um ajuste monetário rápido e intenso. Já é grande a especulação de uma elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base em junho. Além de caminhar para pôr a taxa básica rapidamente no nível neutro (talvez até acima dele), o Fed deve começar a reduzir seu balanço patrimonial, o que significa tirar dinheiro do sistema.

“O mercado do dólar segue bastante pressionado, principalmente por causa da reunião do Fed nesta semana. Dados de renda e consumo nos Estados Unidos ainda estão em alta, gerando pressão inflacionária. O rendimento dos Treasuries continua a subir e o fluxo estrangeiro para a nossa bolsa mostra reversão”, afirma o economista Bruno Mori, da Planejar.

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Entre os indicadores do dia, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria dos Estados Unidos, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), recuou de 57,1 em março a 55,4 em abril. O resultado contrariou a previsão de alta a 57,8 dos analistas. Apesar de vir abaixo do esperado, o dado mostra atividade em expansão.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que, com a economia americana aquecida e a inflação elevada, o Fed deve promover pelo menos quatro altas de 0,50 ponto dos juros nas próximas reuniões. Em seguida, deve desacelerar o ritmo para 0,25 ponto, levando os Fed Funds a 4% no fim do ciclo, “tendo em vista a necessidade de juros restritivos para combater a alta da inflação”.

Na China, às voltas com medidas de restrição para combater a covid-19, o índice de gerente de compras (PMI) industrial caiu de 48,1 para 46 em abril o nível mais baixo desde fevereiro de 2020, momento em que a pandemia do coronavírus tomava o mundo.

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“O PMI da China foi anêmico. Essa política chinesa de covid zero está comprometendo as cadeias de suprimento. É mais um fator de aversão ao risco que favorece o dólar. Existe uma busca de proteção no mundo que gira muito entorno do ambiente inflacionário global. O mercado quer pistas de como os BCs vão atuar”, afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha. Esses indicadores fracos também fizeram o mercado do dólar acompanhar o clima de cautela no exterior.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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