O dólar encerrou a semana em um de seus maiores níveis de fechamento desde janeiro do ano passado, com alta de 1,41%, cotado a R$ 5,3247, na sessão de sexta-feira (7).
Após uma semana de oscilações com indicadores econômicos relevantes, como o relatório de emprego dos EUA, o payroll, e o corte de juros na zona do euro, as expectativas para os rumos do câmbio e a cotação do dólar para a semana seguinte são altas.
Destaques do câmbio na semana
“O relatório de emprego foi o grande vetor para o dólar (USD) na sessão desta sexta e surpreendeu positivamente. Com o verão chegando nos EUA, as contratações voltaram a subir, um movimento não totalmente esperado”, comenta Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank.
Na visão de Bazzo, com a possibilidade de uma economia americana mais robusta do que o previsto, “a expectativa de cortes imediatos nos juros pelo Federal Reserve [banco central dos Estados Unidos] pode ser adiada.”
A maior cautela, segundo o executivo, faz com que as Bolsas de Nova York operem de forma mista, com o Nasdaq em baixa de 0,21%, enquanto o Dow Jones e o S&P 500 apresentam ganhos modestos de 0,06% e 0,03%, respectivamente.
O head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, ainda relembra que a semana passada começou “com liquidez reduzida, teve pouca variação, seguido pela maior queda na volta do feriado do “Memorial Day”, quando o dólar atingiu R$ 5,1346”.
Na quinta-feira (6), com o mercado brasileiro fechado, os investidores repercutiram sobre o crescimento abaixo do esperado nos EUA, levando o câmbio do dólar ao seu menor valor semanal ante seus pares, até então. Este movimento ganhou maior tração na sexta-feira (7), logo após a divulgação do PCE, mas foi se ajustando no decorrer do dia.
A desvalorização significativa do real no encerramento da semana aconteceu na contramão do exterior, onde o dólar registrou desvalorização na maior parte do dia. Isso ocorreu mesmo após a divulgação de dados positivos sobre a inflação nos EUA, que indicam uma possível flexibilização na política monetária americana.
“A desaceleração do PCE sugere que o aperto monetário do Fed começa a surtir efeito, o que pode fortalecer a perspectiva de uma futura redução das taxas de juros nos EUA, tornando o dólar menos atrativo para investimentos”, comenta Costa. “A disputa pela formação da Ptax no Brasil e as incertezas com o mercado imobiliário na China adicionaram uma dose extra de volatilidade ao mercado local.”
Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor subiu 2,6% em maio, acima das expectativas. No entanto, Costa aponta que esse avanço na inflação provavelmente não deverá exercer influência sobre a decisão sobre a taxa de juros na próxima quinta-feira.
“Na China, a atividade industrial teve uma queda inesperada em maio, aumentando a pressão por novos estímulos governamentais adicionais. A crise prolongada no setor imobiliário continua a afetar negativamente a confiança de empresas, consumidores e investidores. A recuperação econômica da China é fundamental para o Brasil, um de seus principais parceiros comerciais”, diz Costa.
O que esperar para a semana que vem?
Na próxima semana, os investidores devem ficar de olho em PMIs ao redor do mundo, ao PIB e à Produção Industrial no Brasil, aos Relatórios do Mercado de Trabalho nos EUA (Jolts, ADP, Pedidos Semanais de Seguro-Desemprego e Payroll), à Decisão de Política Monetária e ao PIB na Zona do Euro, e à Balança Comercial na China.
“Esses indicadores econômicos podem apresentar sinais importantes sobre a saúde e direção das principais economias globais, influenciando possíveis movimentos nos mercados”, completa Costa sobre a cotação do dólar.
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